terça-feira, novembro 29, 2016

Sem nome




O Consulta tem a enorme honra de mais uma vez postar aqui uma texto brilhante da minha amiga Lu Praxedes. Delicie-se. 

Sem nome

Não precisa ter nome ou roteiro para chamar de amor. As histórias efêmeras, transitórias e sem nome são, definitivamente, também uma forma de amar. São intensas, deixam marcas e refletem a nossa capacidade de acolher, de ser acolhido e de querer reescrever o rumo das nossas vidas, ainda que a ausência de adjetivos possa dificultar este desejo.

E pensar que tudo começou com o seu não sorriso. Sim, você sorri não sorrindo. É quase um sorrir com os olhos. Um sorriso quase não dado, mas ao mesmo tempo doado, explosivo. Luz no breu. Foram diversos sorrisos implícitos, inúmeras trocas de olhares e conversas sobre o que importava. E sobre o que não importava também. Foram beijos longos, memoráveis e caminhos desencontrados que se cruzaram em alguma conversão astral. Foi combustível, foi intensidade. Foi você e fui eu. Mas não teve nome. Ao menos não há um nome convencionalmente conhecido para o que foi vivido.

Talvez a forma de amor mais genuína seja aquela que sempre parece nos escapar, que não exige denominações. Ao mesmo tempo que nos fascina, que nos embriaga, a possibilidade de não tê-la num futuro próximo torna tudo ainda mais especial. O toque, aquele não sorriso que insiste em sorrir para você e a forma de pegar na sua mão. A incerteza acentua o amor. O inesperado torna o sentimento mais forte e mais presente. Dentro e fora de você.

As histórias sem nome e sem regras refletem que o amor também nasce e prospera no caos, ignorando padrões sociais. O certo ou o errado não se aplicam aqui. Estas relações têm força própria e vida autônoma. O bem querer e o desejo de felicidade do outro são o eixo, o norte, a expressão máxima da alegria. Os adjetivos, quaisquer que sejam eles, se tornam insignificantes diante de você. Diante de nós.

E ainda há o seu não sorriso. O seu não sorriso que insiste em permanecer. Porque é seu. Por que é você. Porque é aconchego. Porque é conforto. Porque não tem nome, mas tem morada.

Dentro de mim. O meu sorriso de todo dia.

segunda-feira, novembro 21, 2016

Filhos, o sentido da vida


Ultimamente, não sei se por causa dos malditos hormônios, eu ando meio pensativa demais, digamos. Para não dizer outra coisa pior.... Estou reavaliando o que é importante na vida e o que não é.
Deixando de assinar várias newsletters, deixando de ler o que não me interessa, me desapegando de coisas materiais variadas  - em suma, decidi entrar em 2017 muito mais leve.
Morar em casa grande é bom e não é... É a tal da faca de "dois legumes"!
A tendência é acumular coisas e mais coisas, e servir de depósito para as coisas que os filhos não querem mais, mas querem ter por perto.
Então, é preciso dar um BASTA e começar a limpar a área.

Isso é fácil.

O problema são as burocracias.
Eu pensei (erradamente, por sinal) que, ao deixar meu emprego, eu conseguiria viver da minha editora e/ou do meu blog de saúde cardíaca. Busquei ajuda, fiz o Empretec, etc e tal.
Mas nada disso adiantou e eu cheguei a me arrepender amargamente da minha decisão de deixar o trabalho. Todo mundo me dizia que eu era "louca" de abandonar um emprego em um cenário de crise e eu me lixei... não dei a mínima.
Eu sempre me identifiquei muito mais com a cigarra do que com a formiga, na famosa fábula......

Mas o que eu quero dizer aqui neste texto (e já desviei bastante do tema) é que o que importa mesmo, de verdade, na minha vida, não é o trabalho (e nunca foi, e por isso estou colhendo os frutos do que andei plantando vida afora). O que importa de verdade são os nossos filhos.
Meus filhos - o Tom e a Biba - são, sem sombra de dúvida alguma, minhas melhores obras, que fiz com a ajuda do meu marido, o Guilherme.
Eles me dão alegrias, me deixam orgulhosa, ficam bravos comigo, me dão broncas, me abraçam forte quando eu preciso, me carregam para onde eles acham que eu devo ir....
Ainda não virei criança de novo, para deixar a minha vida na mão deles totalmente e espero que isso nunca aconteça. Embora não dependa de mim.
Mas eu enxergo meus filhos agora como adultos que se responsabilizam também pelas escolhas deles e isso é muito bacana.
Se me arrependo de algumas decisões tomadas na minha carreira, não me arrependo de nada do que fiz no meu papel de mãe. Errei, é claro, e erro ainda.
Mas faço o melhor que eu posso, fiz o melhor que eu pude.
E o mais bacana: deu certo!!!! Eles dois são pessoas de caráter e isso me enche de orgulho e alegria.
São eles que me ajudam a afastar as ideias sombrias que andam rondando a minha mente e meu coração nessa fase decadente da vida....

Eu agradeço a Deus por ter me dado esses meus dois presentes magníficos. E agradeço muito a Deus também pela minha neta, a Helena. Que também preenche meu coração de alegria, sempre que eu a vejo.
Ela é o futuro vivo, o futuro da nossa família, é a esperança em dias melhores personificada.
É isso.

De tudo que fiz na minha vida, posso me arrepender de muita coisa. Mas não me arrependo nem um milímetro de ter trazido meus filhos para este Mundo LOKO!!!! Espero e acredito que só com a presença deles neste Planeta, ele já fica melhor. Já não me dá tanta vontade assim de ir embora e deixá-los aqui pra trás.
Eles me dão força e coragem. São tudo pra mim. Isso deve ser amor. Muito amor.
E eu agradeço.

sexta-feira, novembro 04, 2016

Para Mariana



Querida afilhada do meu coração,

Hoje é seu dia. E me peguei aqui pensando no enorme privilégio que tenho por ser sua madrinha! Sua mãe, minha querida comadre Vilma, foi uma amiga tão generosa comigo que me concedeu esse enorme privilégio de ser a sua madrinha, papel que eu nem sempre sou capaz de honrar à altura. Quisera eu ser muito mais presente na sua vida!

Mas tenho que conviver com a realidade dos fatos: sou uma pessoa meio ausente, que pouco fala com você.... Na verdade, sou mesmo uma pessoa que pouco fala. Prefiro quase sempre recorrer à palavra escrita. Porque a gente sempre pode corrigir, apagar alguma besteira, aperfeiçoar... Mas saiba, minha querida Mariana, e tenha a certeza absoluta que você mora no meu coração, mesmo distante fisicamente, graças à bondade da sua mãe, minha querida e inesquecível amiga-irmã, que me concedeu a honra de assumir este lindo papel de sua madrinha.

Porém, o que importa mesmo é que hoje é seu dia, o dia de celebrar mais um aniversário seu... de te desejar felicidades, alegrias, conquistas, sucesso, e tudo de bom que esta nossa vida aqui no planeta Terra é capaz de proporcionar. Que você sonhe, sempre e muito, e que parta para a conquista desses seus sonhos. Sonhar faz bem para a alma. Realizar os sonhos, um a um, e sonhar de novo, e de novo, e de novo. Que você tenha saúde para correr atrás dos seus sonhos, e que tenha muita paz e muito amor na sua vida. É isso o que eu te desejo hoje e sempre.

Eu gostaria de ser um tantinho parecida com a minha madrinha Alayde, de quem sinto tantas saudades. Ela tinha a vantagem de ser minha vizinha, então eu adorava ir até a casa dela, comer os quitutes que ela fazia (e, neste ponto, eu nunca teria como me equiparar a ela, pois sou uma negação na cozinha!). A gente ia até o galinheiro escolher uma galinha bem gordinha para o almoço (e eu não tinha o menor problema quanto a isso)... E ela fazia aquela galinha com todo o amor e carinho pra mim. Minha parte preferida era a coxinha. Hummmm, muito bom. Nas festinhas, eu sempre pedia o bom-bocado, e nunca mais comi outro igual.

Não sei se você terá alguma boa lembrança minha no futuro, e sei que para isso preciso ser muito mais presente na sua vida. Espero que sempre tenha um lugarzinho pra mim nas suas memórias... Porque eu me lembro de você desde quando você estava dentro da barriga da sua mãe e seu irmão e o meu filho eram companheiros na escolinha Suruê. Me lembro também que você foi a dama de honra no meu casamento, toda bonitinha, de franjinha, com o cabelo preto lisinho, com um vestido azul-marinho, fazendo contraste com a Biba, loirinha, de vestido igual, mas vermelho. Umas fofas!!!

Sem falar nos muitos Natais que passamos todos juntos, inesquecíveis. Muito amor envolvido. A gente era quase que uma só família, ali. Muitas lembranças boas....

Mas vamos voltar ao dia de HOJE! Neste dia, eu desejo a você que receba todo o carinho da família e dos amigos, como uma bagagem de amor para os 365 dias desta sua nova idade. E, naqueles momentos mais difíceis, que sempre existem na nossa vida, que você se lembre que você é uma menina muito querida e especial, que merece muito ser feliz.

Saiba ainda que pode sempre contar comigo. Estou aqui para o que der e vier. Um beijo enorme e um abraço muito apertado!

Da sua madrinha que tanto te ama,


Silvia  

quarta-feira, novembro 02, 2016

A Silvia morreu



Calma, não a de carne e osso, mas a Silvia pessimista, aquela que se menospreza e desvaloriza, aquela Silvia que pensa que ganhar dinheiro é muito difícil, quase impossível. Aquela Silvia que está pronta pra criticar e achar defeitos em tudo e em todos.

Aquela Silvia que sempre coloca os outros em primeiro lugar e enterra seus desejos e vontades.

Hoje morreu a Silvia que fica encontrando desculpas para as suas falhas. Aquela Silvia que não se permite errar.

Hoje morreu a Silvia baixo-astral.

Hoje morreu aquela Silvia sem graça e tímida, que não consegue se expressar oralmente direito, embora seu raciocínio seja afiado.

Morreu a Silvia que se perde entre mil afazeres e que não sabe priorizar.

Aquela Silvia que não quer levantar a bunda da cadeira para fazer o que é preciso fazer.

Morreu a Silvia que não sabe manter o bom humor e o alto astral, nas situações mais difíceis e espinhosas.

Morreu aquela Silvia que deixa o seu ego dominar tudo, sempre encontrando maneiras de deixá-la "para baixo" porque ela ainda não escreveu seu primeiro romance, ou porque ela ainda não obteve o sucesso profissional que imaginava conseguir quando estava na faculdade. Em uma das melhores faculdades do País, by the way.

Morreu aquela Silvia que não sabe argumentar, que não sabe se defender, quando está certa e quando tentam puxar o tapete dela, por ciúmes, inveja ou simplesmente porque não vão com a cara dela.

Morreu aquela Silvia que espera tudo acontecer e que fica de braços cruzados esperando um "milagre"!

Morreu aquela Silvia que não tem coragem de enfrentar os problemas, e que prefere se esconder a encarar de frente uma discussão que seja.

Na verdade, quem morreu foi o EGO da Silvia. Hoje, quem está no domínio é a CONSCIÊNCIA superior, a centelha divina que brilha no peito da Silvia. Hoje, está no comando a Regina, que ela também é.

Hoje, assume o controle a Silvia segura de si, madura, confiante, inteligente, capaz.

Hoje, quem manda aqui é a NOVA Silvia Regina que encara tudo e todos de frente e que ainda tem muitos sonhos para sonhar e realizar.

Descanse em paz, Silvia do passado.