sábado, novembro 28, 2020

Destruir para construir


Minha mãe e eu resolvemos reformar a cozinha. Minha amiga arquiteta Denise (@studiotibau no Instagram) trabalha com arquitetura orgânica e está à frente dessa tarefa. Para alguns, pode ser assustadora. Para outros, é uma diversão. 

Denise nos contou que ir a essas grandes lojas de produtos de construção (do tipo da Leroy Merlin) é como ir a um parque de diversões, pra ela. Nós entramos na onda e fomos lá com ela, um dia desses, antes de toda a quebradeira começar, para escolher o piso, a pia, os revestimentos etc. 

Ah, mas foi uma delícia mesmo! No começo, a gente se confundiu nos corredores lá, com tanta oferta. Mas a Denise foi a nossa "guia turística" e as escolhas foram se afunilando, até que encontramos tudo o que queríamos, e tudo combinou e vai ficar uma maravilha. 

Difícil não fazer um paralelo com a nossa vida. Muitas vezes, temos que fazer escolhas e decidir qual rumo dar à nossa vida. Mas isso não é tudo. Só depois começa a quebradeira. E só depois ainda vem a reconstrução. 

A reconstrução da alma, dos objetivos, dos sentimentos feridos. Tudo isso é possível e está ao nosso alcance. 

Bom fim de semana! 

sexta-feira, novembro 13, 2020

Amar é coisa de mulherzinha?


Outro dia tive acesso a uma entrevista do psicanalista lacaniano Jacques-Alain Miller (foto) sobre o amor, que é o tema eterno deste blog Consulta Sentimental, desde 2003.

Leia a entrevista completa neste link.

Vale muito ler toda a entrevista, mas este trecho, em especial, chamou atenção:

“Amar, dizia Lacan, é dar o que não se tem”. O que quer dizer: amar é reconhecer sua falta e doá-la ao outro, colocá-la no outro. Não é dar o que se possui, os bens, os presentes: é dar algo que não se possui, que vai além de si mesmo. Para isso, é preciso se assegurar de sua falta, de sua “castração”, como dizia Freud. E isso é essencialmente feminino. Só se ama verdadeiramente a partir de uma posição feminina. Amar feminiza. É por isso que o amor é sempre um pouco cômico em um homem. Porém, se ele se deixa intimidar pelo ridículo, é que, na realidade, não está seguro de sua virilidade”.

Talvez aí esteja a raiz daquele pensamento errado da tal “metade da laranja”, com o qual eu não concordo. Mas fiquei intrigada, porque o raciocínio faz sentido.

A conclusão deste trecho é que as mulheres amam com facilidade, já os homens....

(...) “Mesmo um homem enamorado tem retornos de orgulho, assaltos de agressividade contra o objeto de seu amor, porque esse amor o coloca na posição de incompletude, de dependência. É por isso que pode desejar as mulheres que não ama, a fim de reencontrar a posição viril que coloca em suspensão quando ama. Esse princípio Freud denominou a “degradação da vida amorosa” no homem: a cisão do amor e do desejo sexual.”

Tenho comprovado essas afirmações todos os dias (ou todas as noites) nesses relacionamentos superficiais que costumam acontecer a partir dos sites de relacionamento...

Mas sei que há casos de sucesso e por isso continuo lá. Só que às vezes dá um cansaço, porque as mulheres em geral buscam o amor e os homens, apenas o sexo. Pelo menos é o que diz nosso amigo Jacques-Alain e é também o que eu enxergo nas minhas incursões sociopsicológicas nesses espaços virtuais.

Mas essa regra começa a ser quebrada, quando os homens (alguns) aceitam o “convite” para acolher as suas emoções e o seu “lado feminino” (desde a música Superhomem, do Gil, que, aliás, será a próxima música que cantaremos no Coro de Quinta).

As mulheres, por sua vez, passam a se permitir buscar parceiros só para o gozo, como ele diz, citando Bauman: “O amor se torna “líquido”, constata o sociólogo Zygmunt Bauman. Cada um é levado a inventar seu próprio “estilo de vida” e a assumir seu modo de gozar e de amar. Os cenários tradicionais caem em lento desuso.”

E isso é ótimo e libertador.

Mas voltando ao amor, nosso psicanalista vai analisando as várias vertentes de como ele ocorre nas nossas vidas. E a conclusão não e das mais confortadoras: “Os amantes estão, de fato, condenados a aprender indefinidamente a língua do outro, tateando, buscando as chaves, sempre revogáveis. O amor é um labirinto de mal entendidos onde a saída não existe.”

Ele fala do amor romântico, conhecido em grego como “Eros”.

Mas não é o único tipo de amor que existe. Deixemos de lado as questões do coração, embora o próprio slogan deste meu blog esteja aí fixado no alto para não me deixar esquecer que “all you need is love”! Enquanto tento desvendar esse amor romântico, sem grande sucesso, me dedico de corpo e alma ao meu trabalho, que me dá diversão, prazer, alegria (e dinheiro).

No momento, estou empenhada em desenvolver em mim -- por intermédio da Reality Books -- o amor universal, o maior de todos os amores, aquele que se compraz em fazer a felicidade do outro, aquele que prioriza o outro (em grego, ele se chama Ágape).

Apenas nesta pandemia, contabilizo mais de 20 projetos. Os coletivos:

- 21 autores do livro “21 Histórias de Superação”

- 20 autores das “Histórias da Quarentena”

- 30 autores do” Da informática à tecnologia da informação, Jornalistas contam suas histórias”

- 20 autores do “Histórias de Despertar, relatos simples e profundos como a essência da alma”

- 10 autores do “Estou na Rede, logo existo” (sobre digital branding)

- 20 autores do “Livro das Cartas”

- 30 autores do livro “Avós & Netos”

(Total = 151 autores iniciantes, muitos deles nunca tinham participado de um livro antes, e amaram a experiência)

Os individuais:

- Transformando sua semana

- O Olhar de Baixo

- Soprinho, Brisa, Ventania e Tufão

(Além dos que estão “no prelo”, como o projeto da minha neta Helena, O Elo, o livro do Caio, o romance da Kelly, o livro de poesias da Daniela Bonafé, o livro de crônicas bem-humoradas do Laerte, o livro da oficina de escrita da Sandra — que fechamos ontem, vencendo uma concorrência com outras duas editoras —, entre outros). 

Então, quem aí vai ter coragem de me dizer que isso não é AMOR?? E nem me venham com teretetê de "amor narcísico"... que não cola. É amor pela oportunidade de dar voz e vez a pessoas a quem as grandes editoras possivelmente torceriam o nariz. É amor por dar trabalho e remunerar algumas pessoas ao meu redor, inclusive a gráfica que imprime os livros. É amor pelos livros, palavras e letras. É esse amor que me move, que me faz levantar da cama todas as manhãs. É o meu propósito na vida, que descobri tardiamente (?) e a duras penas, mas que agora é meu Norte. E vamo que vamo, que o dia tá apenas começando. 


domingo, novembro 08, 2020

Marjorine


Eu não conhecia essa música (de 1969, quando eu tinha 11 anos) cantada pelo Joe Cocker, em homenagem à minha filha (quase, mas tá valendo) - minha filha é a Marjorie, mas a homenageada na música é Marjorine. Mas é tão parecido o som, que tá valendo. 

Adorei a "descoberta" e a miríade de "coincidências". 

No entanto, vou seguir no silêncio, vou dar tempo a tempo, vou conjugar o verbo "decantar" e vou observar mais do que falar. 

É sempre bom, mais saudável, uma atitude mais madura, da minha parte... Afinal é o que se espera de uma mulher de 62 anos. 

Ela, como boa sagitariana, me deu várias dicas, que já estou a colocar em prática. 

Além disso, hoje a endorfina me ajudou muito. Fiz uma caminhada de sobes-e-desces pela Vila Madalena, que foi ótima. Treino para uma caminhada de 20 km que pretendo fazer no dia 6/12. 

Preciso me preparar. É sempre melhor a gente se preparar, se prevenir, Mas nem sempre dá. 

Às vezes, a vida nos surpreende. Ou até mesmo nos dá uma rasteira e o tombo machuca. Mas nada que uma boa sacudida na poeira não resolva. Eu me levanto, sacudo a poeira e dou a volta por cima. E caso seja mal interpretada, paciência. Nem tudo acontece do jeito como a gente sonha, ou espera, ou gostaria. e tudo bem. 

Eu tenho um estoque infinito de paz interior, para dar e vender. 

E por isso eu entendi que o meu filho tinha razão quando me disse uma única coisa, sobre a minha fase atual: "Precisa ver se ele te merece, isso sim! Te amo mãe! Bjs". Falou pouco e falou tudo. 

sábado, novembro 07, 2020

Nada como um dia depois do outro


Sou obrigada a dar razão a ele, à sua experiência de vida e de amores infinitamente maior do que a minha. O tempo... o tempo tem muito poder. Nada como um dia depois do outro. O tempo cura, o tempo afaga. O tempo destila as emoções. Decanta, né?? 

E estou aqui hoje refletindo sobre a interpretação e a má interpretação. Quando a gente diz alguma coisa, essa nossa fala pode ser julgada. Nós podemos ser julgados por intermédio daquilo que dizemos. Temos que tomar muito cuidado. Ou não... porque a interpretação vai depender do repertório daquela pessoa e cada um de nós é aquilo que vai nas nossas almas. 

E eu sou da LUZ, da alegria, do frescor da manhã, do bom humor, da leveza, do copo meio cheio. Não fui sempre assim. Quando eu tinha lá os meus 13 anos, e comecei a escrever poemas, eles eram todos baixo-astral. Nem existia ainda aquela modinha que ficou conhecida nos anos 80 como "dark" e eu era "dark". 

Hoje, depois de muitos anos, escolho enxergar a vida como um presente. Um grande presente que podemos desfrutar da melhor maneira possível. Desde que a gente não faça mal a ninguém, tudo é lícito, tudo é permitido. E a vida é tão boa.... Tão boa, tão interessante, as pessoas são universos nos quais a gente pode mergulhar e descobrir muita coisa a respeito delas. 

Quando o amor sobrevive às descobertas, ele se fortalece. Ou perece. Amor, paixão, encantamento, projeção, seja lá o que for... É bom, é muito bom. Uma montanha-russa de dores e prazeres. A vida é o percurso. É o caminho. E eu amo o caminho. Sem me importar onde vou chegar. Vou chegar aonde o Universo acha que eu mereço chegar e eu dou cada passo com alegria e leveza.


quarta-feira, novembro 04, 2020

Com as mãos


Acabo de publicar este post (abaixo) e veja a mensagem que me chega no WhatsApp:

"Vovó, como se enfrenta a dor?"     

"Com as mãos, minha querida. Se você a enfrentar com a mente, em vez da dor se suavizar, ela endurece ainda mais." 

"Com as mãos, vovó?" 

"Sim. Nossas mãos são as antenas da nossa alma. Se você as movimenta costurando, cozinhando, pintando, tocando ou afundando-as na terra, você envia sinais de cuidado para a parte mais profunda de si mesma. E sua alma se ilumina porque você lhe está dando atenção. Assim, ela não precisa mais lhe enviar a dor para ser notada."

"As mãos são realmente tão importantes assim?" 

"Sim, minha pequena. Pense nos recém-nascidos: eles começam a conhecer o mundo graças ao toque de suas mãozinhas. Se você olhar, verá que as mãos dos velhos contam mais sobre a vida deles do que qualquer outra parte do corpo. Diz-se que tudo o que é feito com a mão, é feito com o coração. Porque é realmente assim: as mãos e o coração estão conectados. Os fisioterapeutas sabem muito bem disso: quando tocam o corpo de outra pessoa com as mãos, criam uma conexão profunda. É precisamente a partir dessa conexão que vem a cura. Pense nos apaixonados: quando suas mãos se tocam, fazem amor da maneira mais sublime que existe."

"As minhas mãos, vovó ... há quanto tempo não as uso assim!"

"Movimente-as, minha querida, comece a criar com elas e tudo dentro de você mudará também. A dor não passará. Mas vai se transformar na mais bela obra-prima. E não vai doer mais. Porque a partir dela, você poderá bordar a tua essência." 

Elena Bernabé

O tempo, o amor, a paixão...


"O tempo é muito lento para os que esperam; muito rápido para os que tem medo; muito longo para os que lamentam; muito curto para os que festejam. Mas, para os que amam, o tempo é eterno."
_____Henry van Dyke

O tempo e o silêncio seriam capazes de matar o amor? Não. 

Mas eles são sim capazes de matar a paixão. 

Estou aprendendo muito. Está sendo muito didático. E muito dolorido. Muito, muito, muito, tudo muito superlativo. Muito exagerado, sem medida, sem solução. 

Eu sempre desdenhei das histórias de dor de cotovelo. Essa própria expressão eu acho brega, eu detesto. Só agora eu começo a compreender como dói. 

Com o tempo e o silêncio, a paixão pode morrer, pode não acabar em nada. Isso dói. E cá estou eu me lamentando... neste tempo eterno, sem fim. 24 horas duram a eternidade.  

Para que a paixão pudesse se transformar em amor, ela precisaria de um mínimo de alimento, de tempo e de conversa. Ele tinha me dito que gosta de conversar. Mas agora me fala em silêncio. 

Mas eu preciso falar, nem que seja comigo mesma, nem que seja aqui na solidão absoluta deste meu blog, neste meu diário de chavinha. 

Eu preciso entender/curar esse meu coração partido. 


terça-feira, novembro 03, 2020

Ele me diz para decantar...


Decantar é um verbo que definitivamente não combina comigo. Não tem no meu vocabulário. Esse negócio de deixar algo (especialmente um sentimento tão forte e poderoso como o amor) decantar... pra mim não dá.

Eu quero cultivar, viver, vibrar, aproveitar, esbanjar, experimentar o amor.
Decantar significa não dar a menor importância a ele. Deixá-lo morrer à míngua. Deixar de alimentá-lo, ignorá-lo. Não mexer, não balançar, não tocar.
Isso pode ter consequências desastrosas na vida de uma pessoa. Uma morte lenta e gradual??
Não.

Se for para matá-lo aqui dentro do meu peito, que seja uma morte rápida. Já mata de uma vez e pronto. Essa história de paciência, de decantar... não serve pra mim. Eu quero a VIDA, a energia positiva, a experiência. A química - mas não essa reação química de decantar.... deixar os resíduos baixarem, a poeira baixar. A energia baixar.
Não.
Não.
Não.
Que seja breve, que seja intenso, que seja inteiro. Pela metade não dá!!
Pode até durar pouco. Mas é amor, gente. Aquele amor que eu não acreditava que pudesse existir. O amor à primeira vista. Sabe coisa de filme!??
Então. Foi assim.
O Cupido foi lá e flechou meu pobre coração. Que não tava preparado pra isso. Ele tava lá. Todo vulnerável. Todo aberto. Tranquilo. Sossegado. Daí me vem aquele safado do Cupido e pof!!! Me manda uma flecha bem no meio do meu peito. Agora, o coração tá aqui sangrando. Dolorido demais.... as lágrimas escorrem dos olhos como se tivessem vida própria. Jorram sem parar.
Não sei o que é isso.
Não sei como lidar... 
E agora, o que eu faço? Disfarço? Finjo que não tá acontecendo nada? E todo aquele sangue escorrendo, do coração ferido pela flecha do Cupido?? Será que não vão notar?? 
Eu faço o que sempre fiz: escrevo, escrevi páginas e páginas, me derramo nas palavras buscando a CURA para esse meu mal. Preciso ler Fernando Pessoa. Alberto Caieiro é meu preferido.
Preciso mergulhar nesse amor. Nadar nele.
Me afogar nele.
Que ele me afogue de tanto sentir. De tanto sentimento, de vontade de respirar o mesmo ar.
É isso dói.
Como dói!
Eu me esqueci de vestir minha proteção pra flechas indesejadas e fui lá toda pampeira me encontrar com ele. Como eu poderia supor que ia cair nesse abismo de sentimentos intensos e até pueris?? Eu, uma mulher de 62 anos de idade?? Sabe o que acontece comigo enquanto escrevo isso?? Sim, eu choro. As lágrimas escorrem aqui sem parar.
Agora sim eu poderei ser uma ótima conselheira amorosa.
Depois de experimentar um sentimento tão arrebatador que eu achava que não existia.
Eu sempre achei uma bobagem isso de amor à primeira vista! Minha teoria era que o amor deveria começar com uma amizade. Para depois ir se fortalecendo calmamente e transformando em amor. Foi assim da primeira (e única) vez. Toda a miha experiência amorosa se resume a um único relacionamento, que durou a vida. 
Que nada!
Sabia de nada, inocente.
Entrei naquele lugar onde fui me encontrar com ele totalmente sã e saí de lá doente de tão apaixonada. Sem falar que o lugar tava tão cheio que ainda tinha o enorme perigo de uns vírus estarem rondando lá pelo ar... ai-ai. 
Perco o meu tempo, os minutos, as horas... me debatendo com esse sentimento maluco.
Ele me propõe a decantação. Certamente está assustado, assim como eu... Eu quero respostas e ele não as tem para me dar!
Ele não tem culpa.
Eu sou a única culpada por ter me deixado flechar e ferir irremediavelmente.
Por que vcs não me avisaram do perigo??
Por que ninguém me disse assim: “toma cuidado”! Eu tava lá me achando a Rainha da Cocada, toda segura de mim, toda cheia de autoestima e autoamor... Jamais imaginei que seria vítima desse sentimento que rima com DOR!

Bom, é isso, Silvinha.
Respira fundo e começa a fazer outras coisas, a pensar em outras coisas.
E agradeça por ter tanto trabalho com que se ocupar.
Beijos, querida.

Fica bem, viu? 
Você vai sobreviver.