terça-feira, abril 02, 2013
Viagem ao passado não existe
No ano de 1977 (por aí), alugamos uma casinha em Monte Verde, com uns amigos. Ela ficava em uma esquina, na Vila Operária. Nosso programa, durante muito tempo, foi ir p/ lá todos os fins de semana. Foi um tempo tão bom da nossa vida!!
Monte Verde se resumia a uma rua principal, um posto de gasolina, pouquíssimas pousadas, um hotel que não aceitava crianças (!!!) - sempre achei um absurdo... e lareiras, caminhadas sem fim, frio de noite, calor de dia, amigos novos, geleia de ruibarbo e apfelstrudels da dona Zenta, o pão quetinho da padaria, na própria Vila Operária.... Uma delícia.
Corta para 2013.
Outro dia, estávamos burlando a reeducação alimentar em grande estilo, na pizzaria Braz, em Pinheiros, e eu reparei em um moço na mesa ao lado, que eu sabia que conhecia de algum lugar. Mas como estava com o meu marido, parei de olhar e desisti de lembrar de onde o conhecia.
Dali a pouco, vem ele até a nossa mesa:
- Guilherme! Você não está me reconhecendo...de Monte Verde...
E eu:
- Maurício!
Lembrei na mesma hora. Com esse encontro, por acaso, todas aquelas lembranças do passado afloraram com força e deu muita vontade de voltar a Monte Verde.
O Maurício contou que um amigo nosso daquela época, o Nico, tinha uma pousada lá: "Nico on the Hill". Mais do que depressa, fui ao Google, achei a pousada e fiz uma reserva para o feriado da Páscoa.
Estivemos lá neste fim de semana.
A casa que alugávamos virou uma espécie de cortiço, foi dividida no meio e várias famílias moram lá, embora ela permaneça ainda com aquele seu charme rústico-alpino.
A avenida principal tem até shoppings!!! A fila de carros é grande, o som dos restaurantes é alto, tem muita coisa lá que não combina em nada com as minhas lembranças do passado.
Tentei reconhecer alguns lugares, mas foi difícil.
Fizemos um passeio até a Pedra Redonda, onde uma vez passamos a noite, morrendo de medo de onça.... e encontramos um caminho quase que "urbanizado" com escadas, patamar de madeira, corrimão... tudo bem que o conforto da trilha melhorou muito, o que nós e as nossas pernas, que já passamos dos 50, agradecemos. A paisagem lá de cima compensa a caminhada.
Comemos trutas fresquinhas no Paulo das Trutas, desfrutamos de um rodízio delicioso de sopas (e barato) no Galinha da Roça, almoço caseiro no delivery Bom Di+ (na Vila Operária, a melhor comida de Monte Verde, sem dúvida), e na noite de sábado, uma pizzada animada na Taberna dos Irredutíveis Gauleses, que fica na pousada do Nico e da Bite (justiça seja feita, ela é que a responsável pelas leves e saborosas pizzas).
Conclusão: a viagem ao passado não existe. É impossível rever os mesmos lugares, sentir a mesma emoção daquela época que não volta mais. Mas ainda assim, a gente pode aproveitar a viagem, o que ela trouxe de NOVO para nós, o descanso, o verde, a lareira no quarto, o céu azul de doer.... a amizade que reavivou, os novos amigos...
Com o relacionamento, com a vida, acontece a mesma coisa. Cada dia é diferente do outro, cada minuto que passa não volta mais. Por mais que a gente queira isso. Portanto, o melhor que temos a fazer nessa nossa jornada doida pela vida afora é nos divertir, aproveitar, levar a vida do jeito melhor que pudermos, para que a nossa coleção de boas lembranças seja o tesouro que levaremos conosco ao partir daqui para uma melhor (assim esperamos, pelo menos, né??).
Portanto, leitor/a, aproveite a sua vida, curta cada bom momento, releve e apague da memória os maus e viva o hoje (porque o ontem já passou e o amanhã ainda não chegou, como já disse alguém)!
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