segunda-feira, maio 26, 2014

Menopausa



Entrar na menopausa não é a mesma coisa do que "ficar mocinha", como a gente chamava.

Demorei um tempão pra ficar mocinha, quase todas as minhas amigas do colégio já eram "mocinhas" e usavam sutiã. E eu? A mais nova da turma (fazia aniversário só em junho, depois de todo mundo), morria de vergonha de tirar a camisa do uniforme e vestir a camiseta da educação física naquele vestiário abafado... Tanto que já ia com a camiseta da educação física por baixo, No vestiário, era só tirar a camisa do uniforme e estava pronta. Depois da aula, vestia de volta a camisa do uniforme por cima da camiseta suada e tudo bem. Sem falar naquele calção vermelho bufante ridículo que eu usava por baixo da saia pregueada bordô (ou cor de vinho). O conjunto se completava com as indefectíveis meias três quarto brancas e o sapato boneca preto.

Sutiã pra que se nem peito eu tinha?? Vergonha mortífera.... Até que um belo dia minha mãe resolveu comprar uma coisa parecida com um sutiã, que já estava ótimo para quem era "reta"! Era uma peça de roupa com uma parte molinha no meio. Fui perdendo a vergonha aos poucos e, finalmente, fiquei mocinha, coisa que - pensava eu - parecia que não aconteceria comigo jamais....

Agora, voltando à menopausa. Depois de tanta água que passou por debaixo da ponte, dois filhos, uma neta... agora muitas das minhas amigas da mesma faixa etária que eu já estão há tempos na tal da menopausa e eu aqui... esperando para ver o que vai acontecer. Agora, o medo é outro: engordar!

E os quilos não querem nem saber e vão se acumulando nos lugares mais indesejados. Fazer o que?? Malhar, zumba, vigilantes, natação, hidro... vale tudo nessa luta não pela estética, mas sim pela saúde.

Não sei que mulher eu serei na menopausa. Será que serei a mesma? Sentirei as mesmas coisas que sinto hoje? E como serão as tão comentadas ondas de calor para mim, que sempre fui friorenta? Ou seja, as dúvidas continuam a rondar a nossa vida, quer estejamos ficando mocinhas, quer estejamos nos despedindo da fase fértil.

Conclusão e moral da história: as aflições nos acompanham vida afora, qualquer que seja a fase em que nos encontremos. No entanto, não podemos deixar a peteca cair, estamos no jogo, ainda. E os hormônios dançam incontroláveis, bagunçando as nossas emoções.

Tudo em ritmo de rock.... e eu, nostálgica (nostalgia = dor do passado) fico aqui tentando descobrir o que acontecia no mundo no ano em que eu nasci.

Ouvindo a jukebox com as músicas que tocavam naquela época: La Bamba, Johnny Be Good...

Foi uma época bacana... em que eram fashion icons as atrizes Elizabeth Taylor, Jayne Mansfield, Brigitte Bardot, Kim Novak, Sophia Loren, Marilyn Monroe, Doris Day e Lana Turner.

E assim, aqui termina minha viagem no túnel do tempo.... Contando os dias para completar 56 primaveras (ou invernos, afinal, nasci em junho, né??). Tempo de fazer os balanços, tomar as decisões, criar coragem, arcar com as consequências das escolhas feitas no passado....

Neste fim de semana, reuni aqui em casa algumas amigas da época do colégio e a gente chama nosso grupo justamente de "Túnel do Tempo" - cada encontro com elas equivale a uma sessão de terapia em grupo, para mim, particularmente. A gente relembra coisas do passado, desenterra lembranças do baú da memória e vamos nos sentindo plenas, felizes, realizadas, mas ainda "no caminho", no aprendizado de muitas lições e colecionando alegrias e decepções vida afora.

Os laços criados naquela fase da vida, no entanto, não se desfazem facilmente e aquelas de nós que ainda não se integraram ao grupo não sabem o que estão perdendo. Somos novas mulheres, mulheres interessantes, amigas novas, com tantas confidências ainda a fazer umas às outras!!

Somos de novo adolescentes, quando dormimos na casa da amiga, né, Teresa e Elza??

Quando compartilhamos as histórias dos nossos filhos/as (né, Lygia Novo??)

Quando contamos causos engraçados (ou mesmo tristes) dos nossos pais, irmãos, quando tiramos fotos posadas para atualizar o Facebook, ou simplesmente quando damos risada juntas, né, Bia, Liza, Lucinha, Sylvia Fernanda, Mara??

Já acabei o texto lá no meio e agora não sei mais o que dizer. Melhor botar um ponto final e voltar outro dia. Não sem antes dizer às minhas "velhas" amigas (calma, é só um jeito de falar!!!) que somos o máximo!!! Na menopausa (ou não) nós ainda temos muito a celebrar!! E que essa festa não termine nunca. Muito obrigada pela presença de vocês na Casa Amarela.  

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