quinta-feira, dezembro 14, 2017

Querida, vamos ver a chuva de meteoros?


Ontem à noite, vi minha primeira chuva de meteoros da vida. E olha que tô beirando os 60! Foi uma emoção absolutamente fantástica. Cometas e mais cometas riscando o céu. Não tô nem aí para o nome científico, Cometas? Estrelas cadentes? Meteoros? Deixo a questão para os cientistas resolverem. Para mim, eram os cometas que eu aprendi a desenhar quando estava na escola primária, mas nunca imaginei como eles eram de verdade. Sou da geração que esperou (e não viu) o cometa Halley, em 86. Quando vi o primeiro, ontem, não me contive e comecei a pular (literalmente) de alegria. Os demais me arrancaram gritinhos de felicidade. Eu me senti com uns 5 anos de idade, por aí.

Fui teletransportada para as noites de verão no sítio do tio Mingo, em Ribeirão Preto, quando meu pai e eu nos sentávamos em um banco no jardim, bem longe do pessoal que via novelas, e ficávamos conversando sobre a vastidão do Universo, sobre ETs e discos voadores.

Ontem à noite, com a Solange, minha mais nova "amiga de infância", que conhecemos aqui em Portimão, o meu marido e companheiro de todas as aventuras, e mais uns amigos da Solange do Rio de Janeiro que tiritavam de frio, fomos à praia do Alvor e viramos as cabeças para o alto, a observar a constelação das Três Marias (a única que consigo identificar) e a tentar adivinhar onde estava a constelação de Gêmeos, referência o espetáculo. Não demorou muito, a primeira estrela cadente desfilou diante dos nossos olhos. E mais uma, e mais uma.... Me disseram que para fazer o tal do pedido, a gente não podia dizer nada quando visse a estrela cadente. Mas eu não me contive. Cada uma que riscava o céu ganhava um oh!! de admiração e encanto.

Não fui a este estupendo programa noturno despreparada, não! Li algumas matérias na Internet e, principalmente, o texto do jornalista especializado em Ciências, Ulisses Capozzoli. Ele consegue unir poesia, literatura, religião de ciência com seu talento primoroso. Olha só esse trecho:

"Eça de Queirós (1845-1900), com o pessimismo que caracteriza escritores portugueses, disse que “não há nada de novo sob o sol, e a eterna repetição das coisas é a eterna repetição dos males. Quanto mais se sabe, mais se pena. E o justo, como o perverso, nascidos do pó, ao pó retornam”. Atualíssimo, mas talvez amargurado demais. As coisas todas, ainda que não tenhamos atenção para isso, são, cada uma delas, originais. Cada ocorrência se dá num contexto único em termos cósmicos e essa é uma das belezas da ciência, em relação à religião, para descrever o mundo. Na descrição religiosa, Deus descansou no Sétimo Dia. É um deus cansado e limitado. Na versão da ciência, há um deus, se quiserem pensar assim, original a cada instante do tempo. Inventivo como só um deus poderia ser. A ortodoxia e o obscurantismo nos levam na direção do primeiro. Agora, mais que nunca. Mas, o promissor, é o segundo."

Ontem à noite, foi um evento absolutamente original na minha vida. A previsão era de dois a quase três meteoros por minuto. Não vi tantos assim, mesmo porque minha visão não é e nunca foi das melhores. Mas até eu, meio ceguinha que sou, pude apreciar esse que foi um dos mais belos espetáculos da Natureza que já vivenciei até hoje.

Muitos podem pensar que estou a exagerar. Mas acontece que sou uma pessoa que nasceu e sempre morou em São Paulo, aquela Selva de Pedra. Lá, a gente nem liga para que lado o vento está a soprar ou para o caminho que o sol faz pelo céu. No máximo, a gente admira os arco-íris, pois é impossível se manter indiferente àquelas luzes coloridas no céu, quando chove e faz sol simultaneamente.

Para mim, foi um espetáculo. E eu nem tinha tantos pedidos assim a fazer. Se o canal de comunicação com o Divino estava mesmo aberto, eu aproveitei para agradecer. Por tudo de mais maravilhoso que a Vida está a me proporcionar desde que resolvemos seguir os nossos corações e mudar completamente o rumo das nossas vidas. Gratidão! Aos astros, a Deus, ao Universo.


Um comentário:

  1. Eu já tinha visto antes mas me surpreendi gritando quando vi aquela luz mais forte atravessando o céu. Foi especial. Parece que quanto mais profundamente nos conectamos com a natureza mais insignificante se torna a idade cronológica. Quando estamos conectados com a nossa própria natureza, identificamos os ''amigos de infância''. Obrigada pela companhia Sílvia.
    Solange Martins

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