Para ela, com amor
Ela prometeu
que não escreveria. Que não faria contato, que não provocaria. Prometeu para
ela e para você. Mas cada palavra atravessada, cada olhar cruzado, cada verbo
seco a fizeram ter coragem de escrever para contar que ela sabe que chegou ao
fim. Que ela sabe do silêncio. Ela sabe que você não é mais. Não está mais.
Por isso ela
empacotou as caixas. As caixas de boas lembranças. São suas agora, se você
quiser. Você não quis conversar, não quis explicar. Ela entende. Por isso pode
levar. Leve cada caixa e faça o que quiser com elas, pois ela já guardou tudo
em seu devido lugar. Na proporção que merece ter. Cada sorriso, cada beijo,
cada lágrima. Tudo guardado, cuidadosamente. Está tudo aqui. Sempre estará.
Ela sabe que
tudo foi do jeito que tinha que ser. Ela queria ter falado, ter gritado, ter
tido a chance de compreender. Mas ela percebeu que seria inútil ignorar o fim.
Deve ser por isso que o fim guarda uma espécie de serenidade que só acontece
quando as lágrimas secam, quando já não há esperança de reverter o final do
filme. O fim é esgotar as alternativas, é não acreditar em desculpas. É
encaixotar cada memória. É deixar doer.
Fique com
elas. Fique com as boas lembranças. Abra cada caixa com cuidado e com zelo. Com
amor. Guarde-as, por favor. Mas apenas se quiser. Ela e você têm uma vida
inteira para preencher novas caixas. Para gostar. Para desgostar. Para sofrer. E
gostar de novo. Fique bem, porque ela, um dia, também se sentirá melhor...
Luciana
Praxedes
14 de janeiro/2018