Por que a política não dá certo no Brasil
Eu acho que all you need is love, que é o slogan
deste meu blog. Mas hoje, vou falar de política. Mesmo porque tudo de que o
Brasil precisa é de amor. E nenhum dos candidatos a presidente fala em amor.
Nenhum deles.
Também fui
influenciada pela seguinte postagem no Facebook de um amigo: “No inferno os
lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em
tempo de crise.” Homero para Dante Alighieri, em A Divina Comédia.
Como não quero ir para
o inferno, embora não acredite que ele de fato exista (mas isso é tema para
outro post), resolvi falar (ou escrever) sobre o meu ponto de vista, muito
particular.
Estive a refletir nos
últimos dias e vi que a política não dá certo no Brasil por vários motivos. Mas
tem um que nunca vi ninguém falar. O brasileiro vota como se fosse um jogo, uma
competição, e o seu desejo é “ganhar” – ele quer que o candidato dele ganhe.
Por isso, não vota em quem ele acredita que será o melhor governante, mas em
quem ele acha que tem mais chances de ganhar. E as pesquisas são perversas,
nesse sentido. As pessoas votam em que está na frente nas pesquisas. Elas
querem “ganhar” esse jogo eleitoral.
A maioria não busca
conhecer as propostas dos candidatos, a maioria nem sabe o que é esquerda e
direita. As propagandas (todas, sem exceção) são enganosas. E o povo sofre. Meu
Deus, como sofre esse povo brasileiro! Como sofrem os miseráveis que circulam
pelo centro de São Paulo. Como dói ver isso.
Quem teve a oportunidade
de ter uma vivência curta que seja no exterior, sabe que a faxineira da
academia tem carro e tem a mesma qualidade de vida dos frequentadores da
academia. Estou usando o meu exemplo, de Portugal, país que tive a felicidade
de conhecer de “dentro”. A faxineira, normalmente nascida na Europa Oriental, viaja
nas férias, compra comida boa e barata no supermercado, compra roupa bonita e
barata, come eventualmente em restaurantes, seus filhos estudam na mesma escola
do prefeito (ou do presidente da câmara), tem acesso a boas condições de saúde
e de educação.
Mas aqui? Meu Deus,
são quilômetros ou anos-luz de distância da realidade de lá... Outro dia desci
do ônibus no ponto errado com a minha mãe e passamos atrás da Estação da Luz.
Vimos pessoas em condições abaixo da miséria vivendo na rua, dormindo no chão,
com lixo do lado, alguns animais são muito mais bem tratados do que aquilo. Aquelas
cenas me reviraram o estômago, me revoltaram, me entristeceram. É triste, muito
triste, ver como a corrupção na política destruiu qualquer esperança de uma
vida melhor para aquelas pessoas. Será que algum candidato a qualquer cargo
eletivo passou por ali, algum dia, mas fora da bagunça da campanha?... Será que
algum deles teve a chance de ver como a vida daquelas pessoas está a evaporar em
meio à sujeira, à miséria, à pobreza extrema? Será que vai adiantar votar em
fulano ou beltrano, nessas eleições?
Minha fé é pouca, para
qualquer lado que eu olhe. Vejo oportunistas por todos os lados. Vejo gente
falsa, dissimulada, discursos vazios e propostas nulas. Vejo propostas de ódio,
extremistas de um lado e de outro... até quando, meu Deus do Céu, este nosso
povo vai sofrer desse jeito? Será que a vida daquelas pessoas vai mudar, quer
seja fulano ou beltrano que vença essas eleições?
Nos países em que o
voto não é obrigatório, a coisa pública funciona muito melhor, porque os
supostos candidatos precisam ainda convencer os eleitores a votarem. Juro, eu
não queria mesmo votar. Tem algum candidato que defende que o voto não deveria
ser obrigatório?