Olá, querido leitor.
O Consulta Sentimental completa 20 anos hoje. Há 20
anos eu resolvi lançar meus serviços de consulta sentimental para o Universo.
No começo, algumas pessoas totalmente desconhecidas apareciam aqui para se “consultar”
e era engraçado. Nunca deixei ninguém sem resposta (pelo menos, não
intencionalmente). Hoje também é a véspera do aniversário de um ano da minha nova vida aqui na aldeia, como já contei aqui no blog.
Depois, o espaço foi sendo usado pelas minhas reflexões,
reclamações, pelos meus textos que tinham que sair por algum lado. Toda pessoa
que escreve gosta de ser lida. O António (meu amor - na foto antes de nos conhecermos) diz que é ego. Eu não acho. Acredito
em “inspiração” e talvez aqueles nossos pensamentos desencontrados possam vir a
ser úteis a alguém. Fora que o mero exercício de escrever tem todo esse poder
curativo e de clarear as ideias e eu continuo aqui, a escrever, mesmo quando
estou muito ocupada fazendo coisas mais importantes, faço uma pausa e venho
aqui.
O que é mais importante? O que é viver? Para mim, tem a ver com o SER e não com o TER e cada vez mais tenho a certeza absoluta disso. Embora eu esteja na fase mais introspectiva da minha vida inteira, ainda sinto esse impulso, essa vontade incontrolável de escrever.
E hoje, 20 anos depois de quando publiquei a letra daquela música da Rita Lee que ainda adoro, Amor e sexo, eu não poderia deixar
de vir aqui para celebrar esse aniversário incomum, improvável e completamente desimportante.
Mas por mais que eu ainda goste da música da saudosa Rita Lee,
que foi cantar em outras paragens, eu tenho uma única coisa a declarar aqui no “meu”
espaço: que amor e sexo, quando andam juntos, são do melhor que há. O ideal é
tentar unir as duas coisas, porque aí sim funciona tudo às mil maravilhas,
ignorando idade, menopausas, ruguinhas e gordurinhas a mais. Nada disso
interessa.
Uma maneira de “comprovar” isso
que eu digo é publicando aqui um trecho de poema Campo Aberto, escrito
pelo mais lindo e talentoso poeta de todos os tempos, o meu marido, António
Rodrigues, no livro A Fenda (2017).
... o que
procuro no teu sexo
não é a
rosa da sua substância,
as
vibrações e o sal que temperam o fogo,
nem as
naturezas que lá habitam
e cravam o
seu esporão na carne.
............................................................................
Por fim,
sempre por um fim
que é um
princípio no infinito circular
o que
anseio ao percorrer-te,
profundamente,
o vazio pleno,
no centro
do teu âmago,
é uma
floração cósmica num campo amplo de ternura
que me tome
como a um lobo, faminto e terminal,
no altar da
natureza.
***
Minha companheira de vida, meu amor...
ResponderExcluirAs palavras que escreves nesta publicação, referem-se a mim, muito para além do que entendo ser o meu merecimento, mas que reflecte a luz com que me vês, nas expressão nua e crua, sem artifícios com que tenho partilhado contigo estes dois anos (já!...) que são a nossa história.
Estes dois anos são, para quem não sabe, um espaço de partilha que desafia as convenções e a subjectividade do tempo. São, aparte quatro meses de separação, antes de setembro do ano passado uma convivência de praticamente 24 sobre 24 horas de comunhão de tempo e espaço, sem que isso represente qualquer cansaço ou saturação. Pelo contrário, um adensar de alinhamentos diversos na construção de uma harmonia que necessita da sua dose de caos para se equilibrar e que nós temos aprendido a gerir com a tal varinha mágica que fazes com qualquer pauzinho do campo.
Isto não é fácil de entender por quem está de fora, por quem vive realidades normalizadas, em que as subjectividades do tempo ou o exercício do amor não tem espaço para idiossincracias e para se afirmar por direito próprio dos sentimentos e razões de quem está envolvido.
Estas tuas palavras, minha querida, desenham o melhor rosto do amor e as outras palavras que publicas e que foram escritas por mim, bem são a expressão de um sentimento que em ti encontrou paz e significado. És a minha floração de ternura no altar da natureza que nos é regaço...
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