Tudo na vida é uma questão de balancear a realidade com a expectativa.
O show do Bob Dylan, por exemplo. Sempre gostei das músicas dele, sempre o
admirei. Portanto, fiquei muito empolgada quando descobri que ele tocaria em
Lisboa. Em dezembro do ano passado compramos os ingressos: 3, para que
pudéssemos levar a nossa filha também. Porém, realidade e expectativa não se coadunaram desta vez.
Lá fomos nós, bem cedinho, do Algarve para Lisboa, para ver o show à noite e passar o dia com a nossa filha. Claro que na nossa
bagagem foi a expectativa de ouvir as canções mais famosas dele. Seria a
primeira vez que tínhamos a oportunidade de estar em um show dele ao vivo.
Bem, começou o show. Mas antes mesmo de começar, reparamos
que não havia telão. Ou seja, para nós, que conseguimos comprar 3 ingressos por
39 euros cada, no balcão 2, a possibilidade de ter a sensação de simplesmente
VER o Bob Dylan já se esvaneceu por completo, antes mesmo de o show começar. No máximo, veríamos uma formiguinha no palco.
Até aí, tudo bem, pensamos que era devido à suposta
autenticidade do músico. Vamos lá! Vai ser o máximo quando ele tocar aquelas
músicas que desejamos ouvir.
Mas... ele entrou no palco e nem deu um simples "boa noite". Começou a tocar
músicas desconhecidas e desanimadas. Uma atrás da outra. Teve um solo do
baterista que foi bacana, devo reconhecer. Porém, ele nem ao menos apresentou
os músicos, como se faz em todo show. Tocou "Blowing in the wind" no "bis", mas no mesmo ritmo cansado das demais músicas.
Não falou “Boa Noite, Lisboa!” (nem em inglês). Agradecer,
então... nem se atreveu. Nem um “muito obrigado”, nem mesmo um “thank you”!
No site, nada de setlist – o que deu para ver foi que este
foi o primeiro show de uma turnê que percorrerá a Europa todinha. Eu só espero
que ele não decepcione fãs em todo o continente, assim como me decepcionou.
O show era pobre. Parecia que tinha sido teletransportado
diretamente dos anos 60 para o Altice Arena, em Lisboa, sem mudar nada. Nada de
luzes, nada de emoção. Foi um show frio. A plateia estava igualmente fria. “Poxa,
mas ninguém nem mexe os ombrinhos?”, perguntou minha filha, visivelmente
decepcionada.
Bob, sei que você não tá nem aí. Meu marido disse que ele
podia até ter tocado de costas para a plateia! Mas acabastes de perder uma fã.
Eu nem esperava que ele tocasse a “nossa” música (“Wedding
Song”, pinçada por nós do álbum “Planet Waves”, de 74 – nós nos conhecemos
em 75). Mas não teve nem “Forever Young”, do mesmo álbum?? Poxa... Agora a sensação é
que precisamos escolher uma outra música para ser “nossa”, porque Mr. Bob, pra mim, você já era. E olha que fui daquelas que o defendeu quando ele esnobou o
prêmio Nobel.
Há alguns anos, tivemos a oportunidade de ver o Sir Paul McCartney em Viena e ele tocou com
grande prazer e emoção muitas das músicas dos Beatles. Mandou muito bem! Ou seja, não venha me
dizer que o Bob estava “cansado” de tocar as mesmas músicas há anos. São as
músicas que todo mundo espera, não apenas eu. Desculpe... mas não tem desculpa
para esse repertório chato que me deu até sono!
Esta é a minha opinião.
(Nem vou dar ibope para ele publicando foto do show, mesmo porque a antipatia já começou aí. Antes do show, anunciaram em português e em inglês que era terminantemente "proibido" fotografar e filmar - em uma era que todo mundo quer mais a hashtag... Quem fosse pego cometendo esses delitos seria convidado a se retirar!!! Façameofavor.... Estamos felizes na foto, pois foi ANTES do show)
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