Oi, Carla Pontes, tudo bem?
Fui toda feliz e contente nesta tarde ver o seu concerto de
voz & acordeão, acompanhada pelo talentoso Gonçalo Pescada, no Convento São
José, em Lagoa, no primeiro horário.
Agora, enquanto derramo essas palavras aqui no computador,
você deve estar concentrada para entrar no palco pela segunda vez. E enfeitiçar
o público de novo. Assim como fez comigo.
Quando cheguei ao teatro (ex-igreja?), os lugares estavam
todos ocupados e tive que me contentar em sentar na última fila. Justo eu, que
sempre gostei de sentar na primeira.
Mas mesmo lá longe a sua mágica me alcançou, me atingiu em
cheio. Imagino o que você não deve ter feito com aquelas pessoas que estavam
bem pertinho de você.
Quando você entrou no palco, com seu vestido encarnado, pura
emoção, já entendi que aquela apresentação seria especial.
O encarnado cintilante do seu vestido simbolizou todo o amor com que
você impregnou aquele ambiente. Dizer que sua voz é angelical seria permanecer
no lugar-comum.
Fui ver uma amiga cantar. Mas o que vi foi uma diva, uma
deusa, uma fada. Sua voz preencheu cada espaço vazio, cada coração. O
repertório traçou uma trajetória em que só estavam autorizadas as músicas de
alta qualidade. Quer fossem estrangeiras ou portuguesas. Tudo com uma
naturalidade e uma delicadeza comoventes. Parecia tão fácil para você entoar aquelas
canções. No entanto, sua voz me transportou para fora daquele espaço, me fez
viajar. Eu flutuava acima do meu corpo, no ritmo das músicas. Meus olhos me
enganavam, criando uma aura de luz ao seu redor e ao redor do fantástico músico
que a acompanhava no acordeão.
Seu sorriso, no intervalo entre as músicas, explicando tudo
em português e em inglês, em respeito ao público multicultural que a aplaudia
entusiasticamente, nos conduzia de volta ao espaço charmoso do Convento São
José.
Porém, como disse no título deste post, infelizmente não
posso mais ser sua amiga. Minhas amigas habitam o mesmo Universo que eu. Confuso,
corrido, real. Mas você não. Assim como a bailarina, da “Ciranda da Bailarina”,
do Chico Buarque, você mora em outro mundo, outro plano, um Olimpo reservado
apenas a poucos. Como posso continuar a ser sua amiga? Não vai dar.... Agora,
sigo na condição de fã. Gratidão pela sua arte que nos comove, e nos move. Isso
sim foi show. Gratidão por ter iluminado minha
tarde de domingo! Envio vibrações de muita LUZ e muito SUCESSO na sua
trajetória.
Um beijo.
Da sua ex-amiga,
Silvia
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