Imagine… Aquelas pessoas mais simples, ingênuas, sem educação, sem saúde, com um salário miserável. Claro que eram presas fáceis para comprar um carnê do Baú da Felicidade. Quem não quer poder comprar a Felicidade e pagar em suaves prestações mensais? Alguns eram sorteados e participavam do programa daquele apresentador de TV famoso, que enriquecia às custas da ingenuidade do povo brasileiro. Nem todos os que participavam do tal programa ganhavam alguma coisa. Mas só os poucos minutos de “fama”, e olhe lá. Enquanto isso, o grande comunicador enriquecia. Ele sim, enriqueceu tanto que até “comprou” (ou será que “ganhou”) uma rede de TV só dele. Como a concessão das TVs era coisa do governo, o nosso “grande comunicador” teve a ambição de virar político. Mas não um político qualquer e logo concorreu à presidência da República. Não ganhou (ufa!).
O engraçado
é que no Brasil, todo mundo que morre, vira santo. Da noite para o dia. Isso
tem a ver com hipocrisia social. É deselegante criticar uma pessoa que já
morreu, mesmo porque ela não tem mais como se defender. É verdade.
Mas uma
dose de bom senso, uma dose de ver as coisas com clareza e objetividade é positiva
(e não negativa) para o nosso povo. Tão ludibriado, tão enganado, tão ingênuo,
tão manipulável. Dá pena.
Hoje em
dia, acho que seria crime vender um carnê enganoso daqueles. Mas todo mundo se
esquece. Eu acho muito engraçado, isso.
Não sei se ele era boa ou má pessoa, não me cabe julgar ninguém, principalmente quem já morreu. Mas o endeusamento me causa estranheza. Eu sempre achei aquele programa uma breguice total. Não só o programa dominical, como quase toda a programação daquela emissora de TV. Era material feito para as “massas”, sem a menor qualidade. Uma tristeza. Bom, é isso. Não aguentei ficar calada depois de ver tantos posts nas redes sociais a endeusarem um ser humano cheio de falhas e de “malandragens” que o levaram à riqueza, enquanto seus “clientes” do Baú da Felicidade encontraram é mais infelicidade nas suas vidinhas. Quero ser essa voz dissonante, aqui nesse ciberespaço que pertence a todos e a ninguém.
Havia
também aquele programa em que candidatas à Cinderela ficavam à espera do “príncipe
encantado” capaz de mudar as suas vidas miseráveis, com presentes como fogão,
geladeira, enxoval, e sei lá mais quê… Uma era escolhida, as outras duas
voltavam para casa sem nada, de mãos abanando. Isso, para mim, se chama perversidade.
Enfim, eu mantenho o meu blog para falar o que eu quiser. Ninguém lê, mesmo. E é até melhor que seja assim, porque não quero comprar brigas, apenas quero expressar o meu ponto de vista. Aqui é o meu espaço, meu diário de chavinha, dos anos 70.