terça-feira, agosto 30, 2011

A resposta



Agradeço a participação da minha amiga Pri e da Ana (anônimo). 


Veja o que respondi para a minha consulente: 


Uma relação de amor em que você se humilha, se anula e faz tudo para agradar o outro não tem futuro. 
Desse jeito, como você quer que eu te aconselhe a ficar com ele?? Você, pelo que conta, não o traiu e ainda assim ele diz que perdeu a confiança em você. 
Nesse caso, acho que o problema é dele. Você me parece uma menina bacana, aposto que não ficaria sozinha por muito tempo. A minha avó dizia que é melhor cortar o mal pela raiz... Não sei se você já ouviu esse ditado. Então, querida, acho que um ano e meio que vocês estão juntos é um tempo razoável, mas não é uma vida inteira. Sei que não vai ser imediatamente que a ferida vai cicatrizar. Mas acho que você precisa sim tomar uma atitude de mulher adulta, que você já é.
Tenho certeza de que a sua atitude vai servir como um alerta para ele. E aí você que vai pensar se vai dar a ele uma segunda chance ou não, dependendo da atitude dele.
Você precisa aumentar sua auto-estima, quem sabe uma roupa nova, um novo corte de cabelo?
Sinceramente... você não deve se anular, em função de um moço que não está nem aí para você.  
Agora é a sua vez de ter coragem de dar um fora nele.
E aí você vê o que acontece.
Pense que se for para vocês ficarem juntos, tem que ser de um jeito diferente, que seja bacana para os dois. Senão, melhor procurar outro rapaz.
#prontofalei!
Espero que você reflita sobre as minhas palavras e tome a melhor decisão para você.
Obrigada e boa sorte!!!!

E ela respondeu: 
Muito obrigada pela resposta. Minha amiga me diz o que você diz, mas eu não enxergo, sabe? Mas eu vou sim procurar tomar uma atitude. Eu já estou mudando a partir de sua resposta e vamos ver o que dá. Eu te conto.
E realmente nada é pra sempre mesmo....Mas a gente aprende. Tem sempre uma primeira vez.
Amei muito o que você escreveu. Às vezes, a gente precisa disso mesmo pra poder enxergar, era só o que faltava mesmo!!!
Deus ilumine você e seu trabalho sempre. Vou ler o seu blog, é muito interessante! É bom dividir experiências, pois a gente nunca tá sozinho, sempre tem alguém pior, né?.
Obrigadaaaa mesmo!
Grande beijo



Que sejam todos felizes para sempre!

domingo, agosto 28, 2011

Consulta sentimental


Acho que o meu post mais lido de todos os tempos é aquele em que eu dou minhas dicas sobre como se recupera a confiança de alguém. 
Dessa vez, a mocinha que se abriu comigo, por e-mail, não traiu o namorado, não. Mas ele a trata como se ela tivesse traído. Olha só o que ela me contou:


Conheci um menino dois anos mais novo do que eu, e a gente namora há 1 ano e 4 meses. Eu sou a primeira namorada dele. Nesse tempo todo, terminei com ele uma vez, por ele ser uma pessoa muito fria, mas acabei voltando, porque gosto dele como nunca gostei de ninguém. E olha que tive vários relacionamentos, antes. Me tornei uma pessoa "dependente" dele como nunca fui. Ele acabou terminando comigo há uns 3 meses porque diz que eu o trai e que ele não confia mais em mim. Por isso terminou, mas ainda estamos juntos nos vendo sempre, saindo juntos como namorados... normal, mas não namorando, para ele.
Acontece que eu não o trai e não sei mais o que fazer para reconquistar a confiança dele. Ele voltou a ser mais frio ainda, grosso, fala palavras ásperas e duras, me magoa, me faz chorar, fala coisas que ninguém merece ouvir. Eu nunca o deixei de lado, sempre estive junto dele para tudo, ele não tem carteira de motorista e eu o levo para todos os lados, faço tudo o que ele quer, cuido dele, me preocupo com ele, faço tudo por ele, como se fosse a "esposa" dele e mesmo assim ele insiste em me magoar e diz que só volta comigo quando achar que confia em mim, mas ele diz que isso pode não acontecer. Não sei o que pensar, mas eu nunca dei um motivo sequer para ele pensar dessa forma, sem contar que a insegurança dele é demais.
Já pensei em cair fora, mas ele sempre vem com o "vai, você que sabe", como se não tivesse realmente nem aí pelo que eu sinto e como se fosse fácil jogar um sentimento fora.
É difícil, sabe, pois às vezes acho que isso já se tornou um tipo de "tortura prazerosa" para ele, vendo eu me humilhar e sofrer, correr atrás.


No próximo post, escrevo qual foi a minha resposta. Mas o que você acha que ela deve fazer? 

terça-feira, agosto 09, 2011

O biscoito fino

O biscoito fino, ainda que chegasse às massas, talvez não pudesse ser saboreado em todas as suas nuances. Afinal, não é fácil apreciar o biscoito fino. É nisso que penso ao concluir a perturbadora e indispensável leitura de "As calotas não me protegem do sol", livro de Paula Corrêa, ilustrado por Amanda Justiniano e dedicado a Calu (sua mãe?).
Dá uma vontade tão grande de compartilhar com todo mundo o prazer e o encanto que a leitura me proporcionou! Mas será que todos compreenderiam? Será que se o livro dela fosse um post no Facebook seria curtido por milhares (milhões?) de pessoas, como mereceria?
Provavelmente não.
As massas talvez não estejam ainda preparadas para o biscoito fino. Para digeri-lo, é preciso ter um tantinho de bagagem de vida e de ferramentas para decifrar sua combinação sutil de palavras. É preciso ter um olho um tanto quanto sensível para entendê-la quando ela diz que se comunica mais pelo pensamento do que pelo sentimento (algo assim).
Ou até mesmo para entender quem são os personagens nessa trama funda de dor e de perda. E de como lidar com essa dor. Depois dela e da mãe, vem a inocência e a cumplicidade do cachorro Astor. Depois, tem a irmã, a sobrinha Sofia. E só. A casa. A paisagem interior...
Ela passeia com desenvoltura por entre os espaços que sobram entre as palavras, cuidadosamente escolhidas e usadas com precisão cirúrgica. Ao abolir a pontuação tradicional, deixa o leitor sem fôlego e trôpego para acompanhar seus volteios linguísticos.
Ela se revela e se esconde. Nos adjetivos "triste" e "confortável", repetidos aqui e ali. Concluímos que ela se sente confortável na tristeza. E é assim, nesse exercício catártico e solitário que o livro se entrega ao leitor. Isso sem falar na beleza das ilustrações que pontuam as sentenças com traço forte e decidido.
Trata-se de um biscoito ultrafino que exemplifica uma vida e uma ausência.
A leitura flui por entre os claros e escuros da sua alma, ora perturbada, ora completamente entregue à dor, ora espreitando pela fresta da janela, para encontrar de novo uma luz, uma esperança que seja.
A vida é assim mesmo, Paulinha.
E é aí que reside a grandiosidade e a universalidade dessa sua obra de arte verdadeira.
Dizer só "gostei" jamais seria suficiente.
Parabéns, Paula. Continue assim!
Sua mãe deve estar orgulhosa da filha que tem. Ainda que você não creia nisso agora. Talvez no futuro, você venha a compreender os comos e os porquês. Por hoje, foi lindo ver como você foi capaz de produzir a alquimia de transformar a dor em literatura da melhor qualidade.
Beijos comovidos da sua mais nova fã.