quarta-feira, setembro 23, 2015

Querido dinheiro


Querido Dinheiro,

Tivemos várias fases no nosso relacionamento ao longo da vida. Quando eu era menina, você nunca faltou. Minha família vivia numa casa confortável, eu estudava em um colégio particular e minha mãe até ganhava joias nas ocasiões mais especiais. Estava tudo bem. Mas muitas ideias me foram inculcadas pela família, como “dinheiro é sujo”, “precisa se esforçar muito para ganhar dinheiro”, “precisa economizar para os casos de necessidade”, “precisa pensar na aposentadoria e no dia de amanhã”, “o importante é ensinar a pescar e não dar o peixe”, etc...

Cada uma dessas ideias preconcebidas e desses preconceitos arraigados na mente e no coração tiveram de ser desconstruídos ao longo da minha vida, para que o meu relacionamento com você, Dinheiro, fosse ganhando outros contornos. Esses contornos sempre foram definidos por mim, uma mulher que sempre se achou inteligente (era boa aluna e não precisava me esforçar muito para ganhar boas notas). Mas sempre fui péssima com números. E dinheiro é número. Dinheiro é matemática. Outro ponto frágil na nossa relação.

Eu sempre pensei que, como era tão fácil ganhar boas notas na escola, seria igualmente fácil que eu tivesse um bom emprego (sinônimo de um bom salário). Mas não foi isso que a vida me apresentou.

Fui obrigada a fazer uma escolha: profissão ou família? E eu escolhi a família. Dessa escolha, eu nunca tive dúvidas. Automaticamente, você ficou em segundo plano, Dinheiro. Sempre achei que dinheiro não compra a felicidade. E priorizei a felicidade, os valores espirituais mais elevados e o antimaterialismo.

Aqui entram todas aquelas coisas da Bíblia: “é mais fácil um camelo passar por uma agulha do que um rico entrar no reino dos Céus”, “doe todos os seus bens e me siga”, e por aí vai... Estudei durante onze anos em um colégio de freiras franciscanas, veja bem, Dinheiro...

Mas eis que a vida dá voltas e mais voltas. E consegui enxergar que existe sim um valor em você, Dinheiro. Pois descobri você pode me proporcionar não coisas (que de verdade eu não valorizo tanto), mas experiências – como viajar, por exemplo.

Eu e o meu marido sempre misturamos muito os nossos dinheiros. Construir uma família representou unirmos nossos dinheiros em torno desse objetivo comum. Toda a vida foi assim. Nunca houve uma briga por você, Dinheiro (só por outras coisas).

Agora, meu marido está bem de Dinheiro, porque meu filho teve uma ideia de negócio que fez com que ambos prosperassem. Ótimo! Mas ainda assim, eu quero ganhar meu próprio Dinheiro, pois o Dinheiro me permite fazer escolhas, me dá Liberdade, e eu quero ser uma microempresária bem-sucedida.

Hoje, sou uma fadinha que realiza um único desejo das pessoas: o de lançar um livro. Muita gente sonha com isso, E eu sei como fazer. E fico muito feliz por poder ajudar. Mas você, Dinheiro, está envolvido na realização desse sonho das pessoas.

Por outro lado ainda (de quantos lados estamos falando aqui, hein??), a economia mundial está desmoronando. O emprego formal está morrendo. Hoje se fala em financiamento coletivo, em economia criativa, em receber por projetos. E eu estou nessa!! Quero encontrar formas legais e bacanas de ganhar dinheiro. Como disse a artista Amanda Palmer, no TED, não se trata de perguntar como tirar dinheiro das pessoas, mas de como permitir que elas nos deem dinheiro. (clique no link quando você tiver 18 minutos para se surpreender com o que ela fala). 

Vamos permitir, vamos aprender a receber. O Universo está prontinho para nos atender. Por isso, Dinheiro, hoje eu faço as pazes com você. Eu associo você a palavras como abundância e prosperidade. Não vou mais me sentir culpada, caso você queira fluir também aqui perto de mim. Entendo que você é a moeda corrente, precisa correr, precisa seguir esse fluxo – afinal, você, Dinheiro, nada mais é do que uma energia criativa, que pode ser usada de acordo com o que se passa na alma de cada um. E eu sei que minha alma é boa e que quer manifestar, por seu intermédio, Dinheiro, apenas um desejo para a nossa sofrida Humanidade: o desejo de Paz e Amor.


Assim seja! 

domingo, setembro 06, 2015

Eu sempre soube...



Não desde o dia em que ela nasceu, mas certamente desde o dia em que ela decidiu não dormir mais no berço. No dia em que ela decidiu (com gestos, já que ainda não falava tão bem) que não ia mais usar fralda noturna. E no dia em que ela, do alto dos seus dois anos de idade, resolveu dormir na casa de uma amiga minha, com quem pouco convivia. Ela sempre foi assim. Teve também aquele dia (inesquecível) em que ela me pediu para ser filha da professora de desenho.
Enfim... minha filha é assim. Metade mulher, metade cavalo: ela é de sagitário. Não tem sutileza. Não tem papas na língua. Quer abraçar o mundo, sorver a liberdade, se jogar. E o dia chegou. Ela já foi para o Canadá sozinha com 17 anos, estudar inglês e depois francês.
Para a Europa já foi várias vezes. E fazer trabalho voluntário na África. Minha conquistadora provavelmente conhece mais países do que eu tive a oportunidade de conhecer. Certamente conhece muito mais países do que eu conhecia quando tinha a idade dela. Minha primeira viagem internacional só aconteceu quando eu já tinha sido mãe, ou seja, nossas aventuras são outras. Mas eu tenho um enorme orgulho de ser a sua mãe.
Desta vez é um pouco diferente. Vai ser duro aguentar o quarto dela arrumadinho durante seis longos meses, que é o tempo previsto desta viagem. É duro ver que ela não precisa de mim. É dificílimo o meu coração entender que a gente cria os filhos para o mundo. Minha cabeça até entende. Mas o coração... Esse fica apertadinho, as saudades são espinhos que ficam furando e cortando o coração de mãe. Isso porque se passaram apenas duas semanas.
Só peço a Deus que a proteja, que ela ouça a sua própria consciência e que só faça escolhas certas. Que cresça, que se divirta, que aprenda e que volte pro meu abraço apertado.
Amo mais do que o oceano Atlântico que nos separa.
Vibro pela sua felicidade neste mundo.
Pelo seu sucesso, pela sua realização.
Nosso sonho, o de mandá-la estudar fora, finalmente se concretizou. Mas dói, viu?? Como dói.... Também peço a Deus que me dê forças e coragem.