sexta-feira, abril 21, 2017

Facebook = ego trip

Foto: Keiny Andrade, da revista IstoÉ

No Facebook todo mundo é lindo, sorridente, feliz, saudável, ryco. Isso não me incomodava, até que começaram a pulular na minha timeline as tais listas de 9 verdades e 1 mentira. Esse fenômeno me levou a refletir sobre a era do EGO que estamos vivendo e que está demorando para passar pra trás....

Eu acredito que o mundo precisa urgentemente de pessoas que não olhem apenas para seus próprios (e lindos) umbigos sarados e bronzeados de sol e bem alimentados de produtos veganos, politicamente corretos. É enjoativo ver esse tipo de movimento no mundo, e o Facebook apenas reflete essa neurose coletiva.

O meu blog não deixa de ser uma ego trip, eu sei. Mas sei lá, eu to aqui quietinha no meu canto, pouca gente se dá ao trabalho de ler textos longos e eu encaro o meu blog como aquele meu diário de chavinha dos anos 70.

Não culpo as pessoas individualmente, porque acho todo mundo legal, quem posta e quem não posta esse tipo de coisa. Não se trata de encontrar culpados. Mas de refletir se, de verdade, isso serve para alguma coisa.

Pensando bem, até que serve, vai. Serve para o autoconhecimento. E o autoconhecimento é algo bom, positivo. Tomara mesmo que as pessoas se conheçam e saibam identificar quais escolhas devem fazer vida afora.

E uma escolha importante é: o que vou fazer com o meu tempo?

Eu tenho passado bem menos tempo no Facebook. Tirei o aplicativo do celular, o que foi ótimo. Não ficam aqueles círculos vermelhinhos com números me atrapalhando o tempo todo. Ainda não consegui bani-lo totalmente da minha vida. E nem farei isso. Mas é preciso escolher o que fazer com os minutos que escoam entre os nossos dedos.

Eu, por exemplo, estou dedicando grande parte do meu tempo a dois grandes projetos, atualmente:

1) Coletivo de Conteúdo - minha grande motivação e acredito mesmo ser a razão da minha existência no Planeta, profissionalmente falando. Porque pessoalmente, já deixei meus filhos e minha neta, então, missão cumprida.

2) Projeto Portugal - sim, nós vamos embora. Pode ser seis meses, um ano, dois meses, 10 anos. Vamos experimentar como é morar fora do Brasil. Para quem nunca mudou nem de cidade, é algo importante de se fazer com quase 60.

E dei voltas e voltas e acabei caindo na minha ego trip particular. Veja que bacana ficou a nossa foto e a entrevista que demos para a Revista IstoÉ desta semana: "Descobrimento às avessas".


quinta-feira, abril 06, 2017

Mais um presente aos leitores!


Ganhei mais um belo texto da minha querida amiga Luciana Praxedes. exclusivo aqui para o Consulta. Aproveite!

Sobre o tempo que devemos ter

O relógio é um dos seus amigos mais íntimos. Ela precisa acordar na hora certa, sair de casa com precisão e correr contra o tempo. Ela tem pressa porque a vida é rápida, acelerada. O dia dela, e da maior parte das pessoas que conhece, é formado por etapas e atividades que devem ser concluídas com sucesso num determinado período de tempo.

Mas foi num dia, como outro qualquer, que tanta pressa passou a não ter importância. O tempo parou por alguns minutos quando ela descobriu que a vida é efêmera, quase um sopro. Naquele café, enquanto sua amiga contava sobre o diagnóstico do médico, tudo voltou a ganhar a proporção que merece ter. Nem mais e nem menos. Diante do desconhecido e na tristeza da notícia, o relógio da moça travou no momento presente. Na conversa, na dor da sua amiga.

A amiga ficará bem. Tem que ficar. Não é uma dessas coisas que se entrega para a força do destino ou do acaso. Trata-se simplesmente de uma constatação: sim, a amiga irá superar este desafio com graça, amor e rodeada de pessoas com tempo. Tempo para estar ao lado dela, para mimá-la, para conversar e planejar as férias europeias que há anos tentam coordenar. O tempo, ao contrário da pressa, requer disponibilidade, querer. E elas querem.

Com os acontecimentos recentes, ela se deu conta que perder um amigo ultrapassa o fim da vida como conhecemos. A gente não perde as pessoas para a inevitável morte. Também perdemos amigos vivos. E perder alguém querido quando se tem a chance de revê-lo, de tocá-lo, é imensamente mais triste porque decorre de uma perda consentida. A morte da alma, a morte do vínculo, é ainda mais dolorida porque depende apenas de nós. Depende da nossa inércia, da falta de tempo. Esta dor não se aplica a elas, mas o caso a fez lembrar no tanto de pessoas que foram esquecidas no meio da jornada por conta do relógio e dos compromissos assumidos para toda a eternidade.


Aquele diagnóstico trouxe proporção para a vida. Ela não perdeu ou perderá uma amiga. Ainda terá as conversas madrugadas a dentro, as compras no shopping, o dia de comer tranqueira e um futuro repleto de momentos felizes e infelizes. Juntas, ela e a amiga olharão para trás com a sensação de que estavam ali, uma ao lado da outra. Não cederam a vida ao tempo voraz e implacável. Construíram uma vida que ainda se mantém viva. Dentro e fora delas.