Querida amiga Vilma,
Eu sei muito bem que existem os médiuns, e tal. Inclusive já fui médium no passado. Mas o que eu queria mesmo era um jeito de fazer um telefonema para o Céu para dar os parabéns hoje para a minha querida amiga e comadre Vilma... Que saudades! Ah, Vilma, querida, que falta você me faz. Quanta falta eu sinto das nossas conversas, das suas festinhas, dos seus telefonemas (você ligava muito mais pra mim do que eu pra você, mas nunca me cobrava nada e perdoava a minha atitude, sem que eu precisasse pedir perdão). Que falta faz a sua presença aqui neste nosso mundo tão mesquinho, tão maluco, tão conectado e ao mesmo tempo tão desconectado do que verdadeiramente importa.
Como você está, minha amiga querida? Como é a vida aí do outro lado? Ah, eu queria tanto que você pudesse falar comigo, responder minhas perguntas, que são tantas...
Imagino que você esteja acompanhando os progressos da Mariana, da Marília e do André, e agora também das suas netinhas tão lindas... Ah, como elas gostariam de ter por perto essa vovó amorosa que você seria para elas... Disso eu tenho a certeza.
Imagino que você tenha reencontrado toda a sua família aí pelo Céu, e que você dê um jeito de fazer o camarão na moranga, um bolo diferente, ou que invente qualquer pretexto para reunir o pessoal em volta da mesa. Ou da churrasqueira! Mas sabe de uma coisa? Não como mais carne. Ainda como peixe de vez em quando. Mas nada de carne. Nem o António, meu marido. Queria tanto que você o conhecesse! Ele é um ser humano muito especial. Tão cheio de qualidades e de virtudes... Parecido com você. Ama os animais, é atencioso com as pessoas, até mesmo com as desconhecidas, que, em pouco tempo, estão a lhe fazer confidências, a lhe contar toda a vida. Ele valoriza as coisas realmente importantes, sabe? Todos os dias, brindamos com cafezinho ao amor, à paz e à saúde.
Ah, como eu me lembro de como você gostava do seu café matinal... Antes de tudo, um café preto. Depois, chamava a gente para caminhar nas redondezas da chácara. E a gente ia, feliz só por estar na sua companhia.
Imagino que você continue a fazer belos arranjos com as flores magníficas que só se encontram aí no Céu. Imagino que você também sinta saudades da gente aqui embaixo. Será que seu ipê está bonito lá na casa da Mônica? Nunca mais falei com ela. Imagino que você sinta falta das reuniões do Comadrio, mas olha... parece que elas acabaram. Sem você não tinha mais nenhuma graça.
Não faço a mínima ideia se você vai ler a minha cartinha. Espero que sim! Você costumava gostar das minhas cartinhas. Eu sei que deixei de te dar parabéns durante vários anos. Mas nunca me esqueci do seu aniversário. E não foi preciso nenhuma inteligência artificial me recordar dessa data no dia de hoje. Este ano, parece que você está a me fazer muito mais falta do que nos anos anteriores. Passei a diferenciar melhor uma amizade verdadeira das superficiais e a sua era das boas amizades, das verdadeiras, você era uma amiga com quem eu sempre podia contar, de verdade.
Tenho pouqquíssimas fotos com você. Naquela época a gente se preocupava mais em viver o momento do que fotografar. Estávamos certas... E as poucas fotos que eu tenho estão justamente aqui no blog. Então, vou usar uma das repetidas.
E eu não sei que tipo de desejo posso ter para você aí no outro plano... Mas desejo amor, paz, sabedoria, carinho, amizade, todas essas "coisas" (que não são "coisas") mais valiosas que a gente só aprende a dar valor mesmo quando estamos distantes da materialidade.
Vilma, amiga querida, te envio minhas vibrações de carinho e de amizade eterna. Não tive irmã nesta vida, mas te considerei uma irmã de coração. "Tomare" (era assim que você falava e eu achava uma graça!) que você receba a minha cartinha e o meu abraço bem apertado. Se é que existe encontro astral, me chama pra gente conversar.
Beijos da sua comadre,
Silvia