Este meu post provavelmente não atrairá simpatia para a minha pessoa mas tenho necessidade de publicá-lo. Não gosto de Carnaval, nem de chocolate e gosto de dias nublados. Sou meio estranha, né?
Mas hoje vou falar só do Carnaval. Estava tomando banho (com a água as ideias fluem melhor) e consegui "elaborar", do alto dos meus 51 anos, o motivo pelo qual não gosto de Carnaval. Uma terapia teria abreviado o processo, enfim...
Tudo começou no dia em que a minha querida madrinha Alayde, que era minha vizinha, decidiu fazer uma fantasia de Carnaval pra mim. Ela fez uma saia longa, estampada, de um tecido diferente, e minha fantasia era de cigana.
Mas meus pais não me levaram a nenhum baile de Carnaval naquele ano (aliás, nunca). E eu fiquei lá no jardim da minha casa, com aquela fantasia, uma criança patética, triste, sozinha e infeliz. Sim, tudo isso. Lembro até hoje daquela sensação de abandono, de solidão. E passou o Carnaval e eu tive que "engolir" a tristeza e continuar a tocar minha vida.
Obviamente durante minha vida inteira, culpei meus pais por isso. Era a saída mais fácil. E o Carnaval sempre foi associado a tristeza, sempre odiei aquela obrigatoriedade de ser feliz durante o Carnaval.... Freud explica. E a história acabava aí.
Mas só hoje, quando eu tomava banho, que compreendi. Eles certamente nem se lembram desse Carnaval infeliz. Minha mãe deveria estar na cozinha fazendo o almoço (ou o jantar). Meu pai deveria estar na oficina dele, construindo alguma coisa.
A culpada fui eu que não berrei, não esperneei, não infernizei a vida deles, obrigando-os a me levarem a algum lugar.
Minha filha me dá essa lição hoje: se ela quer uma coisa, ela acaba conseguindo. Ela insiste tanto que sempre acaba conseguindo o que quer.
Já eu não. Devo ter pedido timidamente p/ me levarem a algum lugar (ou talvez apenas devo ter perguntado se iam me levar a algum lugar....) e me recolhi à minha insignificância e fiquei lá que nem boba. Portanto, a culpa foi minha.
Nós é que nos deixamos entristecer pelos outros. Eu era só uma criança e naquele dia deixei de aprender a correr atrás das coisas que eu queria. A lutar por elas.
Hoje decidi perdoar os meus pais por uma coisa que eles nem sabem que me fizeram no passado.
E começo aos poucos a fazer as pazes com o Carnaval.
Mas por enquanto, o máximo que consigo fazer nos dias de hoje é ver uns pedaçõs de desfiles pela TV e até achar razoávelmente bonita aquela paleta de cores na avenida.
Minha diversão hoje em dia é procurar o instante em que minha amiga Estela aparece nas câmeras da Globo. Ontem eu a vi por um breve instante, no desfile da Águia de Ouro (que obviamente eu tinha confundido com a Rosas de Ouro, achando que já tinha perdido o desfile).
E hoje vou tentar ver a Rosane na ala das baianas, na União da Ilha.
Ah, sim, e isso sem falar na Helena vestida de borboleta. Lindaaa!!
E viva o baticumdum! Viva o Carnaval!!
(E já tá de bom tamanho, né?)
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