Hoje, o Consulta publica mais uma colaboração inspirada de uma das minhas autoras favoritas: Luciana Praxedes.
De repente, ao olhar para aquele céu estrelado ela relembrou
de um hábito infantil. Quando menina, deitada de barriga para cima, mentalizava
três pedidos. Escolhia a estrela, olhava para ela e pedia. Eram pedidos
carregados de inocência, como ganhar no aniversário uma bicicleta cor de rosa
ou ter o cabelo comprido igual ao da Rapunzel.
Além dos desejos, ela tinha muitas perguntas. Tinha
curiosidade por um futuro desconhecido. Como ela seria aos 30 anos? Qual seria
a cor do seu cabelo? Eram questionamentos que habitavam sua mente de menina.
Mas no fundo ela gostava de não saber todas as respostas e de não ter alguns
desejos realizados. Era uma razão a mais para continuar sonhando e esperar por
ele – o futuro.
Era impossível olhar para um céu estrelado e não sonhar
acordada. Inevitável não imaginar o que estaria por vir e passar horas contando
as estrelas e, muitas vezes, batizá-las. Lorena, Clarissa, Luiza, Maria... E
talvez assim, chamando-as pelo nome, o pedido ganharia mais força e se tornaria
realidade.
A menina cresceu. Um dia, ela não olhou mais para o céu.
Tinha pressa. E nesta pressa esqueceu de contar as estrelas, de batizá-las e de
imaginá-lo – aquele futuro misterioso repleto de perguntas. Até que hoje, ela
adulta se deparou com aquele céu. Enxergou. Lembrou que alguns desejos
aconteceram de fato, percebeu que seu cabelo está praticamente da mesma cor,
que alguns sonhos foram esquecidos e deram lugar a muitas obrigações, boletos e
relatórios.
Ao olhar mais uma vez para o céu estrelado ela lembrou do
nome de cada estrela. Recordou-se do entusiasmo que acompanhava cada pedido. E
desejou com o mesmo fervor de menina. Tudo estava lá, adormecido em algum lugar
da alma. Ao se deixar emocionar mais uma vez pelo brilho das estrelas, ela
apenas lembrou. E isso foi o suficiente.
Luciana Praxedes – Socorro, 5 de abril de 2016.
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