Recebi agora de uma amiga querida o link para uma pesquisa de uma famosa marca de calçados que deseja criar modelos específicos para a chamada "terceira idade". A intenção da moçadinha que fez a pesquisa e "pensou" nos calçados é a melhor possível, tadinhos.
O "problema" é que nós, os velhos e velhas, não cabemos nas "caixinhas" onde eles querem nos encaixar.
Os três modelos de sapatos são horrorosos. Eu simplesmente detesto "sapato de velho"! Na descrição dos modelos, eles falavam em joanetes e outros problemas (nem li tudo, pra falar a verdade, tenho mais o que fazer).
Pode ser que alguns velhos e velhas adorem os sapatos e os "conceitos" por trás de cada modelo. Mas eles nem consideraram que alguma pessoa que fosse responder a pesquisa não quisesse escolher nenhum dos modelos e muito menos pagar qualquer valor por eles. Não colocaram a alternativa "nenhuma das anteriores", não deixaram caixinhas para comentarmos cada conceito... uma lástima.
Depois de certa idade, a gente sabe muito bem o que quer, a gente já sabe que tipo de sapato funciona (ou não) pra gente, que tipo de roupa, de produto, de marca. Mas eles nem perguntaram isso... Como querem "descobrir" algo sobre a nossa geração, "empurrando" conceitos totalmente falsos pela nossa goela abaixo?
Meus amados jovens... Talvez vocês não saibam, porque nem tinham nascido, mas a minha geração viveu a juventude nos anos 70 e 80, quebramos um monte de barreiras e compramos várias "brigas" com as gerações anteriores. Querem apenas um exemplo?? Imaginem vocês que meu filho (e a namorada) foi capa de uma revista semanal que tinha como manchete "Sexo na casa dos pais"!
E vocês vêm me falar de joanete?? Nossa, vocês estão tão errados a respeito da minha geração! Quando alguém me chama de "Dona Silvia" ou de "senhora" aí mesmo é que eu me ofendo. Gosto de ser chamada de você, até mesmo pela garotada de 18 anos ou menos.
Nunca uso a expressão "no meu tempo..." Sabe por quê? Porque meu tempo é hoje, quero as coisas que são moda hoje, não quero "coisa de velho". Sou louca pra morar em um studio, de 30 metros quadrados no máximo, com vista para o pôr do sol, em um prédio cheio de jovens. Gosto de rock, de jazz, e de usar tênis all star. Meu sonho é fazer intercâmbio na França e na Itália (mas não no grupo de velhos e sim "misturada" com todo mundo).
Me poupem... me economizem... e não me coloquem na caixinha "velha" porque eu vou espernear muito e sair dali. E passar o ano novo na Ilha do Cardoso dançando forró (como fiz em 2019/2020 com duas amigas).
Espero ter ajudado vocês a entenderem com quem estão tentando falar. Boa sorte pra vocês. E se tiverem mesmo muita sorte, vão chegar "aqui" na minha idade. rsrsrs
Ops, erraram feio ao te enviar essa pesquisa. Aliás, o preconceito não atinge apenas a nós,"velhos", mas é presente em todos os grupos sociais, quer por idade, quer por classe, religião,raça ou gênero. Colocam todos nas "caixinhas". Como pessoa acima do peso, também sofro com as opções de roupas desenhadas para o público "plus size". Como se a gente gostasse se vestir igual a um saco de batatas. Ainda não descobriram como chegar até nós. Pobrezinhos! Enquanto isto vamos nos rebelando e vivendo como queremos
ResponderExcluirSão tantos pré-conceitos, não é? Exemplo: joanete não é exclusivo de quem tem mais idade. Aliás, idade tem mais a ver com a cabeça do que com o registro de nascimento. Adorei o texto!
ResponderExcluirÉ isso, Silvia!
ResponderExcluirSilvia Regina Angerami,
ResponderExcluirSou idosa e bastante...... Mas adorei essa crônica, principalmente quando fala das caixinhas. Sou do tempo que a USP recebeu o seu 1º computador e que foi destinado as Bibliotecas e a minha foi uma das contempladas. Portanto sou bastante idosa, mas adoro tudo de bom que a vida pode me oferecer, principalmente amor em todas as suas nuances.....
Gostei muito do seu texto. É que somos os novos velhos, aliás, as novas velhas, idosas, pessoas felizes que sobreviveram a várias transições e dispostas a mudanças e trabalhos criativos. Que venha o mundo, que venha o novo!
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