Olha o que essas danadinhas obrigaram o Equipe a fazer... Recebi esta carta maravilhosa hoje por email.
Veja vc que são ditas coisas "óbvias", que os jovens ditos "inteligentes" deveriam saber de cor e salteado.
Enfim, como falei no assunto, me sinto na obrigação de publicar aqui.
Aos alunos do Colégio Equipe e a todos os jovens,
Duas alunas da nossa escola fugiram de casa e viajaram para longe da cidade. Deixaram suas famílias, seus colegas e seus professores muito preocupados!Queremos dizer a vocês por que ficamos preocupados e por que vocês nunca, jamais, devem fugir de casa.
Quando vocês crescerem e puderem sair de casa e cuidar bem da própria vida, vocês podem ter a certeza de que seus colegas, pais, amigos, educadores, vão ficar muito felizes e orgulhosos e, se vocês precisarem de alguma ajuda, vão fazer tudo o que puderem para apoiá-los.
Esse dia vai chegar, e para conquistá-lo vocês terão crescido, escolhido uma atividade produtiva que esperamos lhes traga satisfação além de garantir seu sustento, e terão um círculo de amigos que lhes permitirá pertencer e se sentir acolhidos por um grupo que vai vibrar com vocês nas alegrias, ficar perto nas tristezas, seguir conversando e aprendendo junto.
Antes disso, não é hora de sair de casa, muito menos de fugir. Antes disso, se vocês fugirem vão interromper esse processo bruscamente e tudo vai ficar mais difícil.
Ao fugir, achamos que um jovem pensa que vai alcançar mais rapidamente a sua liberdade e a possibilidade de cuidar da própria vida. Mas é o contrário. Isso porque, ao deixar de contar com o apoio de sua família e interromper seus estudos, vai ter muito menos chance de escolher uma boa forma de trabalhar e sobreviver, de se preparar para isso, e vai perder o grupo de familiares, amigos e educadores que o incentiva, apóia e ajuda em diferentes momentos.
Consideramos fundamental que cada jovem tenha seus sonhos, seus projetos, que queira e tenha coragem para realizá-los. Mas a gente, que já passou por isso, sabe que só dá para ficar satisfeito quando é possível fazer isso de verdade, conquistando cada passo, mantendo o apoio de todos que nos amam e rodeiam. Dessa forma, alguns fizeram escolhas mais comuns e outros escolheram grandes mudanças, como viajar pelo mundo, viver em outro país etc.
Tentar conquistar isso fugindo é como realizar o que queremos em um sonho, porque sem esse apoio do qual estamos falando, tudo fica mais precário. Quando sonhamos, por exemplo, que estamos bebendo água porque estamos com sede de verdade, realizamos nosso desejo / necessidade mas não ficamos satisfeitos, e mais tarde teremos que acordar e beber a água real.
Jovens sozinhos no mundo correm riscos, ficam frágeis. Estão mais sujeitos a sofrer violência por parte de pessoas mal intencionadas e a ter que se submeter ao invés de poder fazer a escolhas relativas à sua produção e subsistência. Quando acordarem desse sonho, ou pesadelo, verão que estão insatisfeitos e terão que tentar resgatar seu caminho lá de onde o romperam, para tentar reparar vínculos e possibilidades de escolha. A fuga, afinal, terá retardado a conquista que tanto se quis apressar, se por sorte não a tiver comprometido seriamente.
O que pode comprometer seriamente esse percurso? A violência sofrida, o ressentimento e a raiva de familiares e amigos que foram abandonados - impedidos de seguir participando - e o tempo perdido e necessário à recuperação de um lugar de acolhimento e pertencimento a um grupo - já que, sozinhos, pouco podemos realizar. Fugir, assim, é como alucinar uma solução que está fadada a desmoronar ou deixar seqüelas, já que rompe com a sustentação necessária ao desenvolvimento de cada um de nós.
Para terminar, queremos dizer a vocês que do mesmo modo que nós, adultos, estamos aqui para apoiá-los na conquista de uma vida adulta produtiva e boa, estamos aqui também para ajudá-los a suportar o sofrimento que por vezes é gerado nesse período entre a infância e a vida adulta, quando fica difícil viver, a cada dia, o tempo e o aprendizado necessários à conquista de uma independência real.
Quando fica difícil, quase insuportável, é preciso buscar ajuda, falar, ouvir, partilhar, enfrentar os conflitos e as contradições, procurar alguém que possa ouvi-los, confiando na honestidade do nosso apoio mesmo quando por vezes nos mostramos também frágeis, controversos, confusos.
Estamos sempre aprendendo com vocês, mas temos certeza que, contando conosco, terão muito mais chance de ultrapassar esses momentos difíceis e abrir caminho para as conquistas que sabemos que para vocês são tão vitais. Se vocês nos colocarem contra, acreditem, seremos todos mais frágeis e sofreremos muito mais. A conquista da liberdade da vida adulta exige um rompimento que precisa ser vivido na relação com o outro, no enfrentamento partilhado dos conflitos. É preciso lembrar, sempre, que estamos do mesmo lado e permanecer, incondicionalmente, lado a lado.
Adriana Mangabeira
Colégio Equipe
Autor: Colégio Equipe
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