quarta-feira, outubro 07, 2009

Do limão à caipiríssima




Oi, leitor/leitora,

Desculpe o sumiço, mas estou trabalhando aqui, então, minha energia internética fica toda concentrada lá.

Minha filha tá bem, tem consulta no otorrino na sexta para eventualmente marcar a retirada das maledetas das amígdalas. Agradeço a todos os comentários carinhosos.

Mas hoje vim aqui falar de um assunto muito sério, que aconteceu com uma amiga minha muito querida.

Mas quem vai contar, é ela mesma. Que sirva como um alerta para todas nós, mulheres.

Do limão à caipiríssima

Solange Calvo

Amanhã, não. Na semana que vem. Melhor no próximo mês. E o tempo voa, quando o assunto é exame médico. Especialmente quando se trata de mamografia. Afinal, quem está disposta a transformar a mama em uma panqueca? É exatamente isso o que acontece quando realizamos essa prova de fogo.

Até que num desses desafios descobriram um nódulo em minha mama direita. Assim que ouvi a palavra “nódulo” deslizando da boca do médico, a foice da morte se instaurou em meu pescoço, involuntariamente. Do laboratório até em casa, questionamentos me torturavam. Será que terei de tirar a mama? Toda? Aproveito para reduzi-las, pois sempre quis. Mas terei de fazer quimioterapia? E se tiver, ficarei careca? Pode ser uma oportunidade de colocar uma peruca loira, ter cabelos longos...

Depois de idas e vindas ao centro médico para complementar exames, o dito estava mesmo lá, e indicaram punção. A internet me fez viajar nas mais medonhas e assustadoras definições e depoimentos sobre punção, mastectomia etc (não recomendo essa viagem). Evoluí então para a pesquisa das mais modernas técnicas de reconstrução e reparação de mamas (já pensei no pior) até me entregar à avaliação da principal entidade, o mastologista. Entidade sim, porque nessa altura você quer q ele realize um milagre. “Não tem nada aqui, pode ir pra casa e relaxe”

Descobri então que podemos vencer o câncer de mama. É muito simples, caso você o identifique logo no início. Foi o meu caso. Isso porque sempre fiz das minhas mamas panquecas uma vez ao ano! E esse “nódulo impertinente” era recente, com menos de um centímetro (características fundamentais). Em meio à tremedeira das pernas, o médico anunciou o próximo passo: mamotomia!

Não foi agradável. Mas eliminou a internação. Anestesia local (próxima às costelas, com a agulha inclinada para a mama). Depois disso, entra em cena um aparelho para perfurar a mama, cortar fragmentos do dito e sugá-los para a biópsia (outra palavra assustadora – Hitler deve tê-la usado bastante em campos de concentração). Dói sim, mesmo com anestesia, mas é rápido.

Mamas enfaixadas com muito gelo e no dia seguinte tudo OK. O dito era tão pequeno que saiu todinho. Foi preciso colocar um clip de metal (titânio) para marcar o ponto exato onde ele morava. Por que isso? Se o resultado acusar ser maligno, como o médico encontraria o local para limpar tudo e tirar um naco da minha mama?

Foram cinco dias de orações intensas de amigos e familiares, promessas mil para que o resultado fosse favorável. E foi! Ausência total de malignidade! Renasci! Mas teria o mesmo desfecho caso fosse maligno. Porque bastaria tirá-lo, cortar uma fatia da mama, sem mutilações, ao contrário, ela ficaria até mesmo mais empinada!

O pulo do gato é o diagnóstico precoce. TUDO pode ser resolvido quando fazemos autoexame no banho e realizamos frequentemente a mamografia. Nenhuma mulher irá morrer de câncer de mama se for disciplinada. O medo de encontrar algo ruim inibe a realização do autoexame e da mamografia. Mas temos de torcer para encontrar logo porque poderemos vencê-lo!

E o clip de metal? Ele ficará aqui na minha mama, sem problema algum para meu organismo. Como vale US$ 600, agora ela está valorizada para sempre e sinalizará o dia em que dei a volta por cima e segui em frente.




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