quarta-feira, março 03, 2010

Na bubuia

Tem aquela música da Céu, sabe? Que ela fala que vai na bubuia. Eu adoro e fui procurar o que é essa tal de bubuia. E vi que é um jeito bem bacana de se levar a vida. Na bubuia. É como se deixar boiar nas águas de um rio, deixar a vida fluir, de forma um pouco menos poética como falou aquele sambista que deixa a vida levá-lo. É isso: tem momentos em que a gente precisa aprender a parar de lutar com a vida, a gente precisa viver o momento, em suas alegrias e tristezas plenas, sem disfarçar aquilo que estamos sentindo.

Não dá pra ser feliz o tempo todo! Mas também não dá pra ser triste o tempo todo. É tudo uma questão de equilíbrio. De estar consciente de cada movimento do nosso corpo e do nosso "espírito, alma", seja lá do que você quiser chamar.

Hoje, resolvi contar aqui a história do meu fusca. Meu fusca foi o fundo do poço. A Biba era pequena, deveria ter uns 3 anos, talvez. Eu, em um dos meus momentos de desemprego (foram vários, mas esse foi um dos mais críticos).

O fusca tinha o chão furado. Quando chovia, molhava o pé da gente.

A Biba tinha de ir encarapitada no banco de trás, não podia por o pé no "chão". Era um carro muito engraçado, não tinha chão, não tinha nada.... Mas ele levava a gente aos lugares.

Eu levava o Guilherme ao clube, e de lá ele tomava o ônibus e ia p/ Santos (ele trabalhava na CET de Santos e levava marmita). A gente tomava conta do cafezinho do clube. Foi um presente divino: não tínhamos que pagar nem aluguel e nem as funcionárias. Todo o lucro era nosso. Bastava irmos ao Makro comprar as coisas e vender. E dá-lhe pão de queijo, pão de batata e cafezinho. Aprendi a tirar o café e o Gui até fez um curso de barista. Chic, mas os clientes nem olhavam pra gente quando estávamos do lado de dentro do balcão. Mas tudo bem... Foi muito útil para não passarmos fome.

Naquela manhã, levei o Guilherme lá no clube e ia voltando pra casa na av. Paulista quase deserta, da "madrugada", quando um taxista parado na calçada começou a fazer sinais frenéticos pra mim: fogo!!! fogo!!! Eles foram lá, pegaram o extintor e apagaram o fogo.

Deixei o carro ali estacionado de qualquer jeito e voltei de ônibus pra casa. Chorando.

Depois, foi quando roubaram o espelho retrovisor do carro. Entrei no fusca e cadê o espelho? Roubaram. Chorei de novo.

Depois, foi o dia em que estourou o cabo do acelerador dentro do túnel. Chorei tudo de novo. O cara da CET fez uma ligação direta pra eu poder sair dali, mas eu só podia andar em primeira.

Sem falar que minha teoria era a de que ninguém assaltaria alguém no fusca, certo? Errado. Um moleque chegou ao meu lado e pediu dinheiro. Disse que tinha um caco de vidro e que ia me cortar. Dei umas moedas, o farol abriu, arranquei com o carro e fiquei tremendo que nem vara verde, de medo.

Mas passou, Na vida tudo passa. Não contei isso p/ que ninguém fique com pena da gente, mas sim p/ encorajar quem eventualmente estiver passando por um momento difícil.

Agora, na sexta que vem, a Biba vai viajar p/ o Canadá (Toronto), vai fazer um curso de inglês de dois meses por lá. Vou morrer de saudades, mas fico muito contente por poder proporcionar essa experiência p/ ela. Para que ela nunca precise passar por situações como a que eu passei com o nosso fusca.

Ah! sim!!! E quem está dando a MAIOR FORÇA, e vendo TUDO pra gente, com a maior competência e dedicação, é a Mirella. Recomendo fortemente o trabalho dela, sai bem mais barato do que STB e CI, que eu também consultei.

E é assim que eu levo a vida agora: na bubuia, ou seja, entrego tudo nas mãos de Deus e Ele que é o nosso Pai de amor cuida de tudo pra gente. O que a minha vida melhorou depois que eu descobri isso é algo indescritível....

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