“Toda escolha, uma renuncia". já dizia o provérbio. Mas como lidar com um fato que não foi escolha sua? Uma gravidez, aos 23 anos, não foi escolha, foi acidente. Passei a vida toda planejando ser independente e livre, planos esses em que eu era o centro de minha própria vida. Minha liberdade, minha faculdade, meus amigos, minha individualidade, tantas coisas "minhas" e agora "nossas" e daqui a pouco "dela". Uma filha. Ela será o centro da minha vida. Minhas escolhas serão para ela, pensando nela, sempre ela, ela... Uma filha logicamente trará alegrias e muitas. Mas e as renúncias? Infinitas, será? Para sempre? Será que viverei com aquele "se" cravado na consciência? Será que terei tempo de lembrar de mim? E, se lembrar, não me sentirei culpada por estar pensando em mim? Serei eu a mesma de antes? Muitos sentimentos, muitas mudanças e a cada chutinho, uma única certeza, eu não estava preparada para ser mãe, mas alguém já estava preparada para ser minha filha.
(Sim, o texto é da minha querida futura mamãe Rafaela, a amada do meu filho - e da família inteira, por tabela! O texto é lindo e comovente, pedi autorização pra publicar aqui. Uma futura mamãe tem mesmo muitas, muitas dúvidas. Mas só vivendo pra saber como será. Por um lado, todos nós somos "sujeitos" da nossa própria vida. Mas por outro, certas coisas simplesmente acontecem, quer a gente queira, ou tenha planejado, quer não. E assim a gente vai vivendo, construindo os nossos diferentes papéis: bebê, criança, estudante, filho/a, profissional, mas depois a gente vira mãe/pai e até sogro/sogra... e até vô/vó. É uma surpresa atrás da outra... - ah, e por mais estranho que pareça, pra quem vem aqui de vez em quando, tô lendo Bukowski - e adorando).
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