sexta-feira, novembro 13, 2020

Amar é coisa de mulherzinha?


Outro dia tive acesso a uma entrevista do psicanalista lacaniano Jacques-Alain Miller (foto) sobre o amor, que é o tema eterno deste blog Consulta Sentimental, desde 2003.

Leia a entrevista completa neste link.

Vale muito ler toda a entrevista, mas este trecho, em especial, chamou atenção:

“Amar, dizia Lacan, é dar o que não se tem”. O que quer dizer: amar é reconhecer sua falta e doá-la ao outro, colocá-la no outro. Não é dar o que se possui, os bens, os presentes: é dar algo que não se possui, que vai além de si mesmo. Para isso, é preciso se assegurar de sua falta, de sua “castração”, como dizia Freud. E isso é essencialmente feminino. Só se ama verdadeiramente a partir de uma posição feminina. Amar feminiza. É por isso que o amor é sempre um pouco cômico em um homem. Porém, se ele se deixa intimidar pelo ridículo, é que, na realidade, não está seguro de sua virilidade”.

Talvez aí esteja a raiz daquele pensamento errado da tal “metade da laranja”, com o qual eu não concordo. Mas fiquei intrigada, porque o raciocínio faz sentido.

A conclusão deste trecho é que as mulheres amam com facilidade, já os homens....

(...) “Mesmo um homem enamorado tem retornos de orgulho, assaltos de agressividade contra o objeto de seu amor, porque esse amor o coloca na posição de incompletude, de dependência. É por isso que pode desejar as mulheres que não ama, a fim de reencontrar a posição viril que coloca em suspensão quando ama. Esse princípio Freud denominou a “degradação da vida amorosa” no homem: a cisão do amor e do desejo sexual.”

Tenho comprovado essas afirmações todos os dias (ou todas as noites) nesses relacionamentos superficiais que costumam acontecer a partir dos sites de relacionamento...

Mas sei que há casos de sucesso e por isso continuo lá. Só que às vezes dá um cansaço, porque as mulheres em geral buscam o amor e os homens, apenas o sexo. Pelo menos é o que diz nosso amigo Jacques-Alain e é também o que eu enxergo nas minhas incursões sociopsicológicas nesses espaços virtuais.

Mas essa regra começa a ser quebrada, quando os homens (alguns) aceitam o “convite” para acolher as suas emoções e o seu “lado feminino” (desde a música Superhomem, do Gil, que, aliás, será a próxima música que cantaremos no Coro de Quinta).

As mulheres, por sua vez, passam a se permitir buscar parceiros só para o gozo, como ele diz, citando Bauman: “O amor se torna “líquido”, constata o sociólogo Zygmunt Bauman. Cada um é levado a inventar seu próprio “estilo de vida” e a assumir seu modo de gozar e de amar. Os cenários tradicionais caem em lento desuso.”

E isso é ótimo e libertador.

Mas voltando ao amor, nosso psicanalista vai analisando as várias vertentes de como ele ocorre nas nossas vidas. E a conclusão não e das mais confortadoras: “Os amantes estão, de fato, condenados a aprender indefinidamente a língua do outro, tateando, buscando as chaves, sempre revogáveis. O amor é um labirinto de mal entendidos onde a saída não existe.”

Ele fala do amor romântico, conhecido em grego como “Eros”.

Mas não é o único tipo de amor que existe. Deixemos de lado as questões do coração, embora o próprio slogan deste meu blog esteja aí fixado no alto para não me deixar esquecer que “all you need is love”! Enquanto tento desvendar esse amor romântico, sem grande sucesso, me dedico de corpo e alma ao meu trabalho, que me dá diversão, prazer, alegria (e dinheiro).

No momento, estou empenhada em desenvolver em mim -- por intermédio da Reality Books -- o amor universal, o maior de todos os amores, aquele que se compraz em fazer a felicidade do outro, aquele que prioriza o outro (em grego, ele se chama Ágape).

Apenas nesta pandemia, contabilizo mais de 20 projetos. Os coletivos:

- 21 autores do livro “21 Histórias de Superação”

- 20 autores das “Histórias da Quarentena”

- 30 autores do” Da informática à tecnologia da informação, Jornalistas contam suas histórias”

- 20 autores do “Histórias de Despertar, relatos simples e profundos como a essência da alma”

- 10 autores do “Estou na Rede, logo existo” (sobre digital branding)

- 20 autores do “Livro das Cartas”

- 30 autores do livro “Avós & Netos”

(Total = 151 autores iniciantes, muitos deles nunca tinham participado de um livro antes, e amaram a experiência)

Os individuais:

- Transformando sua semana

- O Olhar de Baixo

- Soprinho, Brisa, Ventania e Tufão

(Além dos que estão “no prelo”, como o projeto da minha neta Helena, O Elo, o livro do Caio, o romance da Kelly, o livro de poesias da Daniela Bonafé, o livro de crônicas bem-humoradas do Laerte, o livro da oficina de escrita da Sandra — que fechamos ontem, vencendo uma concorrência com outras duas editoras —, entre outros). 

Então, quem aí vai ter coragem de me dizer que isso não é AMOR?? E nem me venham com teretetê de "amor narcísico"... que não cola. É amor pela oportunidade de dar voz e vez a pessoas a quem as grandes editoras possivelmente torceriam o nariz. É amor por dar trabalho e remunerar algumas pessoas ao meu redor, inclusive a gráfica que imprime os livros. É amor pelos livros, palavras e letras. É esse amor que me move, que me faz levantar da cama todas as manhãs. É o meu propósito na vida, que descobri tardiamente (?) e a duras penas, mas que agora é meu Norte. E vamo que vamo, que o dia tá apenas começando. 


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