Decantar é um verbo que definitivamente não combina comigo. Não tem no meu vocabulário. Esse negócio de deixar algo (especialmente um sentimento tão forte e poderoso como o amor) decantar... pra mim não dá.Eu quero cultivar, viver, vibrar, aproveitar, esbanjar, experimentar o amor.
Decantar significa não dar a menor importância a ele. Deixá-lo morrer à míngua. Deixar de alimentá-lo, ignorá-lo. Não mexer, não balançar, não tocar.
Isso pode ter consequências desastrosas na vida de uma pessoa. Uma morte lenta e gradual??
Não.
Se for para matá-lo aqui dentro do meu peito, que seja uma morte rápida. Já mata de uma vez e pronto. Essa história de paciência, de decantar... não serve pra mim. Eu quero a VIDA, a energia positiva, a experiência. A química - mas não essa reação química de decantar.... deixar os resíduos baixarem, a poeira baixar. A energia baixar.
Não.
Não.
Não.
Que seja breve, que seja intenso, que seja inteiro. Pela metade não dá!!
Pode até durar pouco. Mas é amor, gente. Aquele amor que eu não acreditava que pudesse existir. O amor à primeira vista. Sabe coisa de filme!??
Então. Foi assim.
O Cupido foi lá e flechou meu pobre coração. Que não tava preparado pra isso. Ele tava lá. Todo vulnerável. Todo aberto. Tranquilo. Sossegado. Daí me vem aquele safado do Cupido e pof!!! Me manda uma flecha bem no meio do meu peito. Agora, o coração tá aqui sangrando. Dolorido demais.... as lágrimas escorrem dos olhos como se tivessem vida própria. Jorram sem parar.
Não sei o que é isso.
Não sei como lidar...
E agora, o que eu faço? Disfarço? Finjo que não tá acontecendo nada? E todo aquele sangue escorrendo, do coração ferido pela flecha do Cupido?? Será que não vão notar??
Eu faço o que sempre fiz: escrevo, escrevi páginas e páginas, me derramo nas palavras buscando a CURA para esse meu mal. Preciso ler Fernando Pessoa. Alberto Caieiro é meu preferido.
Preciso mergulhar nesse amor. Nadar nele.
Me afogar nele.
Que ele me afogue de tanto sentir. De tanto sentimento, de vontade de respirar o mesmo ar.
É isso dói.
Como dói!
Eu me esqueci de vestir minha proteção pra flechas indesejadas e fui lá toda pampeira me encontrar com ele. Como eu poderia supor que ia cair nesse abismo de sentimentos intensos e até pueris?? Eu, uma mulher de 62 anos de idade?? Sabe o que acontece comigo enquanto escrevo isso?? Sim, eu choro. As lágrimas escorrem aqui sem parar.
Agora sim eu poderei ser uma ótima conselheira amorosa.
Depois de experimentar um sentimento tão arrebatador que eu achava que não existia.
Eu sempre achei uma bobagem isso de amor à primeira vista! Minha teoria era que o amor deveria começar com uma amizade. Para depois ir se fortalecendo calmamente e transformando em amor. Foi assim da primeira (e única) vez. Toda a miha experiência amorosa se resume a um único relacionamento, que durou a vida.
Que nada!
Sabia de nada, inocente.
Entrei naquele lugar onde fui me encontrar com ele totalmente sã e saí de lá doente de tão apaixonada. Sem falar que o lugar tava tão cheio que ainda tinha o enorme perigo de uns vírus estarem rondando lá pelo ar... ai-ai.
Perco o meu tempo, os minutos, as horas... me debatendo com esse sentimento maluco.
Ele me propõe a decantação. Certamente está assustado, assim como eu... Eu quero respostas e ele não as tem para me dar!
Ele não tem culpa.
Eu sou a única culpada por ter me deixado flechar e ferir irremediavelmente.
Por que vcs não me avisaram do perigo??
Por que ninguém me disse assim: “toma cuidado”! Eu tava lá me achando a Rainha da Cocada, toda segura de mim, toda cheia de autoestima e autoamor... Jamais imaginei que seria vítima desse sentimento que rima com DOR!
Bom, é isso, Silvinha.
Respira fundo e começa a fazer outras coisas, a pensar em outras coisas.
E agradeça por ter tanto trabalho com que se ocupar.
Beijos, querida.
Respira fundo e começa a fazer outras coisas, a pensar em outras coisas.
E agradeça por ter tanto trabalho com que se ocupar.
Beijos, querida.
Fica bem, viu?
Você vai sobreviver.
Querida Sil... já conversamos sobre tudo isso por telefone... Mas se tem DOR não é AMOR. É paixão, danada, arretada, irremediável paixão. E essa passa, para o bem ou para o mal. Se para o bem, pode transmutar sim em amor... se para o mal... não é para o mal mas sim para o seu bem que não evolua. Fique bem! :-*
ResponderExcluirVerdade, é paixonite aguda! Eu sei que vai passar. Mas talvez eu não quisesse que passasse. Eu queria viver essa paixonite aguda. Mas já entendi que vou ter que aprender a lidar. Tudo é aprendizado nesta vida. E material para o meu livro. rsrs
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