A mudança
Pronto. Ela já foi. Ontem foi o último dia dela aqui. Deixará saudades, ela sabe disso.
Era bom contar com ela sempre que eu esquecia alguma coisa, contar com a responsabilidade e o envolvimento no trabalho, quando eu dou no máximo uns 70% de mim, e olhe lá.
Era bom ver a sua alegria, quando aconteciam coisas boas. E ver a sua revolta quando coisas chatas aconteciam. Até que as coisas chatas começaram a superar as boas. A lista era imensa.
Até que um belo dia veio o convite. Irrecusável. Acompanhei as suas dúvidas e crises de consciência. Vou, não vou? Até que a decisão foi tomada e aí não tinha mais volta. Ela é assim: firme e decidida, embora por dentro seja uma manteiga derretida, assim como eu. Essa mistura de estilos em uma só pessoa às vezes me confundia. Mas eu não podia falar nada por que sou um caleidoscópio de emoções, igualmente. Por isso, por sermos tão iguais, às vezes a gente batia de frente e brigava. Discutia. Nada discretas, rodávamos a baiana no meio da redação e todo mundo ficava chocado com aquilo. Mas pelo menos não mandávamos recado, não deixávamos pra depois e resolvíamos sozinhas as nossas diferenças. Depois, voltávamos a ser as melhores amigas uma da outra de novo.
E assim foi.
Outro dia, a Giose perguntou o que vai ser de mim sem ela. Vou ter que me virar, né Gi? A vida é feita de mudanças e ela mudou dessa para uma muito melhor. Por isso, fico feliz por ela. Sinceramente feliz, do fundo do meu coração. Coisa de amigas, sabe?
Alê, vai nessa, menina. Brilhe muito e não se esqueça de mim.
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